Em greve há exatos 100 dias, o impasse entre governo e professores estaduais deve permanecer por muito tempo. A avaliação é da deputada estadual Luiza Maia (PT). Mesmo fazendo parte da base governista a parlamentar não esconde a decepção de não ter tido a oportunidade de poder intermediar uma possível negociação entre a categoria e o Estado. “Quando no início do impasse tentei passar minha opinião para o líder Zé Neto (PT) ele preferiu não me escutar. Então preferi me recolher na minha insignificância”, lamenta.
Segundo a petista todo o imbróglio envolvendo docentes – acampados desde o dia 18 de abril na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) – e o governo rompeu as barreiras da paciência. “Na verdade já passou de todos os limites. Tô muito triste e preocupada com toda essa situação, principalmente porque não estamos falando apenas de uma greve, estamos falando de mais de 1 milhão de alunos que estão sem estudar e podem perder o ano letivo”, conta Maia.
Para Luiza Maia a greve deixou de ser da categoria para se tornar “uma queda de braço política”. “Acredito que a ação só deva terminar após as eleições de outubro. O problema é que dentre as lideranças do sindicato tem pessoas da base do governo, do DEM, do PSTU e também do PSOL. Cada um defende uma posição e não chegam a um acordo”, afirma.
Quando questionada sobre as perdas que o governo pode estar sofrendo com a posição que esta adotando, a deputada acredita que “está sendo um desgaste grande”. Ela pensa que a solução para o impasse está na união entre as partes. “Todo mundo faz marcha para Brasília. Agora vamos marchar pela educação, governo e professores devem rumar para a capital do país e mostrar que a situação está insustentável. Acredito que possa dar certo”, salienta.
Greve – Na última assembleia realizada na manhã de ontem (18), os professores aprovaram uma contraproposta elaborada pelos grevistas e entregaram o documento ao Ministério Público (MP), que por meio de nota oficial informou que “após pronta análise da assessoria, constatou que o texto, não difere da proposição anteriormente apresentada pela entidade sindical, em nada concorrendo para a aproximação entre as propostas ou alteração do quadro”. No dia 16 de junho o MP e o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) desistiram de mediar negociação entre as partes.
Os professores que permanecem acampados há 93 dias no saguão da AL-BA deve desocupar o espaço na sexta-feira (20). O pedido foi feito presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo (PDT), que fez o pedido de reintegração de posse na 6ª Vara da Fazenda do Tribunal de Justiça. Uma nova assembleia para discutir os rumos do movimento e desocupação da Assembleia está marcada para amanhã.
Aulas normalizadas - Apesar de todos os rumores e movimentação grevista, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), afirma que cerca de 80% das escolas públicas estaduais voltaram a funcionar. “Das 1.411 escolas que integram a rede estadual em todo o estado, 1.126 unidades escolares já estão funcionando”.
Ainda segundo a SEC, o movimento de retorno dos professores, que era visto apenas nos municípios do interior, também teve início em Salvador e região metropolitana. A maioria das escolas está cumprindo o calendário escolar aprovado pelos colegiados escolares.
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