Genilce Pereira dos Santos, de 59 anos, ex-secretária do assentamento de reforma agrária Frei Vantuy, que fica na rodovia Ilhéus/Itabuna, no sul do estado, foi encontrada morta em sua própria residência nesta quarta-feira (18). O corpo da mulher apresentava ferimentos na cabeça e uma marreta suja de sangue, que pode ter sido usada para matá-la foi encontrada no quintal da casa. A líder sem terra era viúva e morava no assentamento com um dos filhos há mais de uma década.
Segundo a delegada Lisdeily Nobre, que apura o caso, Genilce atuava como secretária do assentamento e deixou o cargo em janeiro, pois estava sendo ameaçada de morte por ter feito várias denúncias de irregularidades no assentamento. O Incra estava ciente das ameaças de morte. A diretoria do assentamento acredita que ela foi assassinada por conta das denuncias.
Mais ameaças
Além de Genilce, a presidente da Associação do Assentamento Frei Vantuy, Maísa Fontana, disse que também teme perder a vida, já que ela é uma das envolvidas que registrou queixas na polícia e fez denúncias ao Incra a respeito das irregularidades.
Em nota enviada à imprensa na manhã desta sexta-feira (20), a superintendência regional do Incra na Bahia, com sede em Itabuna, lamentou a morte da assentada Genilce Pereira dos Santos, assegurando que a unidade está tomando as providências possíveis em auxílio aos familiares da vítima e demais assentador. “O Instituto aguarda a apuração e investigação do fato pelos órgãos do sistema de Justiça e a devida responsabilização dos culpados pelo crime”, garante um trecho da nota.
O Superintendente Regional Marcos Antonio Silva Nery, assegura que a notícia chocou e surpreendeu a gestão do Incra visto que, no dia 22 de junho, uma equipe de supervisão ocupacional do Instituto tinha feito um acordo de convivência pacífica entre dois grupos de assentados. O objetivo foi apaziguar os conflitos existentes, numa reunião que envolveu as 41 famílias assentadas da área.
“Atento aos problemas no Frei Vantuy, o Incra/BA, em maio, iniciou duas ações no assentamento, sendo uma de supervisão da situação ocupacional e outra para apuração de elemento de perturbação, com o intuito de solucionar questões, dentro da abrangência do Incra, existentes no local”, completou Marcos Antonio Silva Nery.
E finaliza: “Embora caiba a investigação criminal identificar a motivação do crime, as equipes do Incra, preliminarmente, identificaram problemas de intolerância religiosa, ocupação irregular de lotes de reforma agrária, disputa pela gestão do assentamento, má convivência e conflitos internos. Ressalta-se ainda que, apesar da greve dos servidores do Incra, a Unidade Avançada Sul, em Itabuna, está funcionando normalmente, como ainda a comissão de sindicância que atua no Frei Vantuy”.
As investigações continuam sendo realizadas através de um inquérito policial que já foi instaurado e está sendo aguardada uma entrevista coletiva da delegada Lisdeily Nobre para os próximos dias.
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