O julgamento contra cinco dos seis acusados de estuprar uma estudante de 23 anos em um ônibus em Nova Délhi, na Índia, começou nesta quinta-feira (3) em meio a uma grande expectativa de que os réus sejam condenados à morte. No último dia 29, a polícia anunciou oficialmente que os seis acusados seriam julgados por crime de assassinato, já que a vítima morreu em decorrência dos ferimentos provocados durante o ataque.
A polícia apresentou ao magistrado Surya Malik Grover, da corte metropolitana de Saket, no sul da capital indiana, um relatório contra os acusados. Segundo a imprensa local, a decisão de Grover será tomada no dia 5 de janeiro.
Os acusados de estuprar e torturar a estudante não foram ao tribunal, onde muitas pessoas se aglomeravam na porta do prédio com cartazes que pediam a condenação máxima para os estupradores e maior segurança para as mulheres.
No julgamento será empregada como prova a narração do que aconteceu com a vítima atacada antes de morrer em um hospital de Cingapura. Cerca de 30 testemunhas, entre médicos que trataram a paciente, serão ouvidas. O julgamento será desenvolvido pela "via rápida" e terá audiências diárias, disse ao jornal The Hindu o presidente do Tribunal Supremo da Índia, Altamas Kabir. Segundo ele, serão constituídos quatro tribunais a mais para julgar novos casos de violência sexual.
O presidente do Tribunal Supremo disse que aqueles que quiserem fazer justiça com as próprias mãos não devem perder de vista "o fato de que uma pessoa é inocente até que seja provada sua culpa". Já o representante do Colégio de Advogados de Saket, Sanjay Kumar, afirmou ao mesmo jornal que nenhum dos 2.500 advogados registrados na corte defenderá os acusados, para "assim assegurar que o julgamento seja feito de forma rápida". As autoridades indianas terão que proporcionar defesa para os implicados no caso de violação, que permanecem incomunicáveis com outros reclusos para evitar incidentes na prisão Délhi de Tihar, informou o canal local NDTV.
Dos seis acusados, um tem apenas 17 anos e, se condenado, pode sair em até três anos da prisão. Os outros podem ser condenados à morte. "O jovem deveria ser julgado antes dos outros, pois foi ele quem atraiu a minha filha para o interior do ônibus e foi quem a torturou de maneira mais impiedosa. Deveria ser executado da mesma forma que os outros cinco", disse o pai da vítima ao jornal The Economic Times. Por telefone, o pai da jovem afirmou que o governo central deveria reduzir a idade penal para 15 anos. "Se esse menino cometeu 'brutalidades' aos 17 anos, o que ele fará quando crescer?", perguntou o pai.
Desde o estupro da jovem em 16 de dezembro do ano passado, a Índia vive uma onda de protestos inéditos, alguns deles violentos, como o que deixou 143 feridos e um morto na praça da Porta da Índia, em Nova Délhi, há 11 dias.
A jovem, que foi estuprada e torturada durante 40 minutos, foi transferida há uma semana para um hospital de Cingapura, onde morreu por conta de "infecções nos pulmões, no abdomên e um grande ferimento cerebral", informou o último boletim médico.
O Escritório Nacional de Registros de Crimes revelou em 2011 que a cada 20 minutos uma mulher é violada na Índia e que o violador é condenado apenas em um a cada quatro casos, devido à "corrupção" no corpo policial.
O caso da jovem de 23 anos enfureceu a Índia e provocou uma maior conscientização da população sobre os abusos sexuais ocorridos no país. Nos últimos dias, novos casos de violação foram denunciados publicamente
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