segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

“Sempre fazia pirotecnia… Nunca aconteceu nada”, dizem integrantes da banda que provocou tragédia


Dois músicos da banda Gurizada Fandangueira foram presos nesta segunda-feira (28). Luciano Leão estava em São Pedro do Sul, a 40 quilômetros deSanta Maria. O vocalista da banda, Marcelo dos Santos, foi preso na cidade de Mata. Ele estava no velório do gaiteiro do grupo, que morreu durante o incêndio na boate Kiss, que deixou 231 mortos.

Sanfoneiro Daniel Jaques foi o único integrante do “Gurizada” que não conseguiu escapar do incêndio
Um dos proprietários da Kiss, Elissandro Sphor, também teve a prisão temporária decretada por cinco dias. Ele está internado no hospital de Cruz Alta, no norte gaúcho, para tratar a intoxicação causada pela fumaça do incêndio.
Abalados e emocionados com a tragédia, outros dois integrantes da banda falaram ao Jornal Hoje. O baterista Eliel de Lima contou como foi o início do incêndio: “Deu aquele brilho em cima do palco, deu aquela chama e começou um fogo. Um rapaz, não sei quem foi, ali na correria, alcançou o extintor. O vocalista tentou, mas não funcionou o extintor, aí saltou o  segurança, que pegou o extintor, tentou, mas não conseguiu também. O fogo já foi se abrindo, se agravando e aí todos os músicos já foram dando um jeito de sair do palco. O pessoal que estava na frente viu que era fogo e já começou aquele tumulto”.

A Gurizada Fandangueira, que tem dez anos de carreira, mistura ritmos sertanejos com a música tradicional gaúcha. Na página do grupo na internet, eles dizem que a banda inova nos ritmos e na tecnologia.
Baterista Eliel de Lima (esquerda) e guitarrista Rodrigo Lemos Martins estavam no palco quando o incêndio começou
As apresentações com shows pirotécnicos já eram esperadas pelos fãs. De acordo com uma mulher que acompanhava a banda, nunca houve nenhum incidente: “Sempre fazia, mas era bonito, nunca tinha acontecido nada. Eles fizeram final de semana passada em uma outra casa de show. Eu acho que a estrutura do palco da Kiss era muito baixa”.
O guitarrista Rodrigo Martins disse que achava estranha a queima dos fogos durante os shows. Os músicos contam que tiveram dificuldades para deixar a boate na hora do tumulto. Segundo eles, faltavam saídas de emergência e não era possível identificar a sinalização de emergência obrigatória por lei.
Os dois músicos estão à disposição da polícia para depoimentos. “Eu achava que ia morrer. O povo gritando ali na frente. Não comparando, mas pareciam animais. Na hora que eu consegui sair, me pisaram no peito, no pescoço, nas costas, até estou com a perna machucada. E graças a Deus me puxaram, se não eu não sei o que seria. Muita gente morreu pisoteada”, relata Rodrigo.
Sanfoneiro Danilo Jaques, que aparece acima de camisa azul e blazer preto, morreu durante o incêndio (blog do marcelo)

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