sábado, 26 de janeiro de 2013

Governo venezuelano controla informações e imagens de Hugo Chávez


Imagem de Chávez que circula nas redes sociais. (Foto: Blue Radio Colombia)
Imagem de Chávez que circula nas redes sociais.
Mais de 40 dias após a viagem do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para Cuba, para uma cirurgia, uma foto começou a circular nas redes sociais na quarta-feira 23 de janeiro. Na imagem, o mandatário aparece caminhando com a ajuda de outra pessoas. No entanto, o governo venezuelano não confirma quando a fotografia feita – e muitos usuários questionam se ela é recente.
Enquanto isso, uma fotografia falsa, que supostamente mostrava o presidente entubado em uma sala de operação, chegou à capa da edição de 24 de janeiro do jornal espanhol El País. o diário interrompeu a distribuição dos exemplares e produziu uma nova edição na madrugada, pedindo desculpas a aos leitores pelo “prejuízo causado”.
Os dois casos ilustram a intensa especulação em torno do estado de saúde do presidente, por sua vez alimentada pela falta de informações do governo. Os veículos oficiais têm divulgado um vídeo com imagens de arquivo de um Chávez saudável. Na semana passada, o governo também puniu a emissora de TV Globovisión pela transmissão de uma série curtos vídeos sobre o que diz a Constituição venezuelana a respeito da ausência do presidente.
Para jornalistas e analistas, os poucos detalhes sobre a saúde de Chávez, os vídeos nos veículos oficiais e recentes pressões contra meios opositores sugerem que o governo venezuelano está tentando exercer um controle maior sobre o fluxo de informações e promover uma imagem de estabilidade em um momento crítico para a administração federal.
Em 11 de dezembro, Chávez passou por uma operação em Cuba, para tratar um câncer na região pélvica. O vice-presidente, Nicolás Maduro, chamou a cirurgia de “difícil e complexa”. Não foram divulgadas fotos ou imagens em vídeo do presidente desde então.
Como consequência, Chávez — que foi eleito para um quarto mandato- não pode estar presente na cerimônia de posse, que, segundo a Constituição, deve ser realizada no dia 10 de janeiro. Sua ausência provocou um debate sobre a capacidade do presidente de continuar comandando o países, com os opositores pedindo que os poderes presidenciais sejam transferidas para o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. A dois da cerimônia, a Assembleia Nacional decidiu que Chávez assumiria ao se recuperar.
O governo venezuelano tem compartilhado algumas informações sobre o estado de saúde do presidente.
No entanto, apesar dos constantes comunicados do governo, o tema esteve, em geral, ausente no debate eleitoral, considerando que até hoje se ignora o tipo de câncer de que ele sofre. A administração chavista cada vez enfrenta mais perguntas sobre a situação do presidente.

O governo tem reagido com sanções e desacreditações públicas contra os veículos que fazem perguntas sobre a capacidade de Chávez de exercer suas funçõesCarlos Correa, diretor executivo da Espacio Público, uma organização civil dedicada à defesa da liberdade de expressão na Venezuela, disse ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas que muitas informações sobre o governo venezuelano vêm de fontes extraoficiais, mas, nos últimos meses, parece que menos pessoas têm acesso ao presidente e o controle da informação sobre a saúde dele tem aumentado.
Em 9 de janeiro, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) da Venezuela abriu um processo contra o canal Globovisión, após a divulgação de uma série de vídeos sobre as normas constitucionais a respeito da posse do presidente.
As sanções contra a Globovisión também provocaram certa autocensura entre os veículos.(Alejandro Martínez, no Blog Jornalismo nas Américas)

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