sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Valério citou Lula e Palocci em depoimento, diz jornal


O procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, nesta quinta, em Ipojuca, litoral de Pernambuco 
 
 
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quinta (1) ao G1, em Ipojuca (PE), que eventuais informações que Marcos Valério pudesse fornecer por meio de um acordo de delação premiada não poderiam mais ser utilizadas no processo do mensalão, em fase final de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na edição desta quinta, o jornal "O Estado de S. Paulo" informou que Valério, apontado como operador do mensalão e condenado a 40 anos de prisão pelo Supremo, prestou depoimento em setembro ao Ministério Público Federal e fez novos relatos sobre o esquema, nos quais mencionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antonio Palocci. De acordo com o jornal, Valério disse que, se for incluído no programa federal de proteção a testemunhas, poderá dar mais informações. Na última terça, o STF informou que recebeu um fax no qual Valério oferece a delação em troca de benefícios.
"A partir do momento em que o julgamento [do processo do mensalão] se iniciou, não seria possível se falar em delação premiada, porque ela vem apenas até a fase de conclusão, finalização da instrução criminal, que encerrou-se, na verdade, no início do ano passado. Quando começou a se falar de um possível interesse de Marcos Valério na delação premiada, já não seria possível nesse processo", disse Roberto Gurgel,  que conversou com o G1 em um resort na praia de Muro Alto, em Ipojuca, onde acontece neste final de semana o Encontro Nacional de Procuradores da República.
Gurgel não confirmou se, de fato, o MP voltou a ouvir Valério em setembro, conforme relatou "O Estado", mas disse que depoimentos decorrentes de um eventual benefício de delação premiada poderiam ser utilizados somente em processos em tramitação, que ainda não foram a julgamento.
"Haverá a possibilidade – e isso será examinado em relação a outros processos que tramitam na Justiça Federal de primeiro grau – [em casos de] processos que estão em andamento ainda, que não há julgamento. Aí sim, haveria a possibilidade de examinar a viabilidade de uma delação premiada", afirmou o procurador-geral, que não quis entrar em detalhes sobre quais seriam esses processos.
Gurgel disse que Valério teve tempo, anteriormente, para dar mais informações, e reiterou que não há mais chance de isso, agora, alterar o curso do julgamento.
"Em relação a essa ação penal 470, não seria possível Marcos Valério obter qualquer benefício nem se utilizar qualquer informação nova que ele trouxesse porque a instrução criminal já está concluída", declarou.

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