sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ELEIÇÃO, NETO E O CARLISMO


É razoável dizer que a eleição do democrata cutucou o adormecido eleitorado que ainda é fiel ao ex-chefe.

Cada agremiação partidária analisa os resultados da eleição de 2012 como lhe convém. Nenhuma legenda admite o enfraquecimento pós-processo eleitoral.
As respectivas lideranças lançam mão de diferentes argumentos – alguns consistentes, outros sem qualquer solidez – para mostrar que seu partido saiu fortalecido do pleito.
Nacionalmente, podemos apontar o PSB de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, e o recém-criado PSD, do prefeito Gilberto Kassab (SP), como os dois principais destaques.
O PSB foi a sigla que mais cresceu desde 2008. Ganhou mais 40% de prefeituras. Derrotou o PT em cidades importantes, como Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.
E mais: além de protagonizar grandes vitórias sobre o PT da presidenta Dilma Rousseff e do ex-Lula, o PSB foi o principal vencedor nos 100 municípios mais pobres.
O novato PSD, uma mistura heterogênea de políticos de qualquer espécie, depois de eleger quase 500 prefeitos, se transformou em uma força política relevante.
Outro detalhe é o desgaste da polarização entre o PT e o PSDB. O duelo entre petistas e tucanos só ficou nitidamente escancarado na disputa pela prefeitura de São Paulo, entre Fernando Haddad e José Serra.
Na Bahia, o PSB não teve um bom desempenho nas urnas. Em número de prefeitos eleitos, só ganhou para o PCdoB. Os comunistas fizeram 13 e os socialistas 28.
O PSD de Otto Alencar, vice-governador e pré-candidato ao Palácio de Ondina, foi o grande vitorioso. Só ficou atrás do PT. O PSD elegeu 73 prefeitos e o PT 93.
O PP do ex-ministro Mário Negromonte ficou na terceira posição, elegendo 52 chefes de Executivo. O PMDB com 44 e o PDT de Marcelo Nilo com 43.
O DEM e o PSDB empataram. Ambos com nove Centros Administrativos. Os democratas, no entanto, venceram em Salvador e Feira de Santana, os dois maiores colégios eleitorais do estado.
Mas o assunto dos assuntos, o comentário dos comentários, a análise das análises, continua sendo a eleição de ACM Neto para o cobiçado Palácio Thomé de Souza.
E o que mais se ouviu falar foi sobre o “retorno do carlismo”. Que a vitória de ACM Neto vai impulsionar a volta da corrente política que durante muitos anos dominou o poder na Bahia.
É razoável dizer que a eleição do democrata cutucou o adormecido eleitorado que ainda é fiel ao ex-chefe, mantendo acessa a esperança de que o carlismo ressuscite.
ACM Neto depara com a maior responsabilidade da sua carreira política e de vários anos na vida pública. Se fizer um péssimo governo, enterra de vez o carlismo.

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