quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Queimada no terreno litorâneo da Avenida Soares Lopes


Não à toa, a Orla Central de Ilhéus foi o tema da primeira reportagem desse blog "Avenida Soares Lopes: Sem Projeto" em 30 de outubro de 2007, e continuou a ser tratado como pauta prioritária, por se tratar de um tema fundamental para mobilizar a população, e os governantes. Seguimos com várias reportagens, a exemplo de: "Projeto Orla em Ilhéus" , "Projeto Burle Mark em Ilhéus" e "Orla Central de Ilhéus: Dunas e Restingas".

Na série, abordei a importância do desenvolvimento do projeto Orla, o processo de licenciamento, e a priorização de um projeto para definir o uso da grande área de aterro, que se formou na Avenida Soares Lopes. Um projeto que precisa de aval do IBAMA, e depende, dentre outras coisas, do seguimento de protocolos do projeto Orla, como a marcação da nova linha de maré.
As chamas atingiram um Ipê Rosa na calçada.
Algumas ações de planejamento ambiental podem anteceder o licenciamento. Manter uma faixa de vegetação de restinga mais próxima ao mar, ingressando com novas espécies de restinga como as palmeirinhas, que aqui se chamamos de xandó, evitando o povoamento de amendoeiras nessa faixa,  seria um ótimo caminho. Como fez Aracajú em sua Orla de Atalaia, sobre essa faixa de restinga, pontes artesanais, apenas acessos. A restinga, e não um passeio, deve separar a praia das demais intervenções, inclusive, os novos jardins plantados, que devem compor um projeto para a reurbanização da Orla Central de Ilhéus.

A limpeza que foi realizada, em Ilhéus, nos últimos dias, agradou a mim, e a todos. Usar um trator na avenida, foi uma boa medida, se tivesse sido respeitada, a faixa de restinga próxima ao mar. Nessa área, poderia ter sido realizada uma limpeza seletiva,  ao invés de passar o trator. Além de não ser legal, desconstruiu o que a natureza, corretamente, vinha fazendo aí. Ao retirar vegetação baixa, e manter as amendoeiras nessa área, a restinga é destruída. 

Mas foi o fogo, a pior coisa que se fez nessa limpeza da Orla da Avenida. Começou na virada do ano, com um fogo de grande proporção, que causou transtornos no local principal da festa, nas proximidades da catedral, deixando como saldo, um Ipê Rosa destruído na calçada, a 4 metros de altura, em relação à praia. Mas os bombeiros apagaram, e isto era só o início da estratégia fácil, mas equivocada e criminosa.

O fogo não foi uma boa ideia, não é saudável, não é a prática a ser seguida na limpeza pública, e acima de tudo, causou um dano ecológico, imperceptível a maio parte da sociedade.
Queimada atinge área de restinga, e também prejudica o Parque Municipal Marinho de Ilhéus.

Venho acompanhando, e registrando dados sistemáticos sobre o povoamento de fauna e flora na Avenida Soares Lopes. Não tem igual. O novo campo atraiu mais de 35 espécies de pássaros, e essa proximidade com os transeuntes, tem proporcionado inúmeras situações de "habituação" entre pássaros e pessoas. O fogo não varreu apenas um matagal, mas um ecossistema em formação, que volta e meio, é queimado novamente.

Na região em frente a Polícia Militar, por exemplo, posso afirmar, o fogo passou sobre a morada, e ninhada feliz de cinco corujinhas, da espécie coruja buraqueira (Athene cunicularia)Também devemos lembrar, que essa grande queimada, ocorre em uma praia do Parque Municipal Marinho de Ilhéus, ecossistema protegido pela legislação municipal. 

Nesse início de governo, quero retomar o tema da reurbanização da Orla Central de Ilhéus, esperando o que todos desejam. Um Projeto Orla Total, acreditando que esse seja um dos marcos fundamentais da reestruturação urbana de Ilhéus, para uma cidade mais atrativa, agradável, mais criativa, e turística.

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