sábado, 25 de agosto de 2012

Jogo ligado a Cachoeira no DF rendia até R$ 1 milhão por mês, diz polícia


Documentos e computadores apreendidos por policiais durante operação de combate ao jogo ilegal no Distrito Federal na manhã desta sexta (24)

O esquema de jogo ilegal em Brasília supostamente comandado da prisão pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira rendia cerca de R$ 1 milhão por mês, segundo estimativa do delegado da Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal, Henry Lopes.
Nesta sexta-feira (24), uma operação da polícia prendeu três pessoas ligadas ao bicheiro que operavam um esquema de jogo ilegal na capital do país. O advogado de Cachoeira negou a ligação o contraventor com o esquema desmantelado nesta sexta pela polícia em Brasília.
Segundo Lopes, cada uma das sete casas com máquinas caça-níqueis fechadas pela polícia rendia entre R$ 8 mil e R$ 10 mil por dia, ou cerca de R$ 1 milhão mensalmente. O delegado disse que o esquema chegou a operar quatro casas simultaneamente.
Se as sete casas [de jogos] tivessem funcionado ao mesmo tempo, o grupo teria lucrado aproximadamente R$ 1,6 milhão por mês"
Henry Lopes, delegado da Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF
"Se as sete casas tivessem funcionado ao mesmo tempo, o grupo teria lucrado aproximadamente R$ 1,6 milhão por mês", disse Lopes, considerando o faturamento diário de R$ 8 mil.
As casas de jogos ilegais funcionavam em Sobradinho, Ceilândia, Asa Norte, Asa Sul, Jardim Botânico, Lago Sul e Lago Norte. O grupo mantinha uma espécie de "serviço vip" aos maiores clientes, que eram buscados em casa.
De acordo com o delegado, há registro de frequentadores que tinham dívidas de R$ 37 mil com os operadores do esquema.
Operação
Nesta sexta, operação da Polícia Civil do DF prendeu três pessoas ligadas ao bicheiro Carlinhos Cachoeira que operavam o esquema de jogos ilegais na capital federal. Outras duas pessoas estão foragidas.
“Há indícios de que pessoas dessa quadrilha [desmantelada nesta sexta pela Polícia Civil] deviam obediência a ele [Cachoeira]. Existem testemunhas e depoimentos de que Cachoeira comandava a quadrilha mesmo preso. Como ele fazia isso, como ele se comunicava com a quadrilha, isso está sob sigilo”, disse o delegado.
O advogado de Carlinhos Cachoeira, Nabor Bulhões, afirmou à equipe de reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, que o bicheiro não tem contato com ninguém e considera "uma especulação desvairada" a suspeita da Polícia Civil do DF.
Duas das pessoas presas nesta sexta, os irmãos Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Otoni Olímpio Júnior, são apontadas pela Polícia Federal como braços direitos do bicheiro.
A advogada de Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Otoni Olímpio Júnior compareceu à Deco na manhã desta sexta, mas preferiu não se pronunciar sobre as prisões.
A Polícia Civil chegou a solicitar à Justiça autorização para prender temporariamente um terceiro irmão, que seria, segundo a PF, sócio de Cachoeira, mas o pedido foi negado pela Justiça.
Para o delegado da Deco, o esquema de Cachoeira chegou ao DF após a Operação Monte Carlo, há pouco mais de seis meses. O diretor-geral da Polícia Civil do DF, Jorge Luiz Xavier, avaliou como "ousada" a ação do grupo.
"Diante de uma grande operação da PF [Operação Monte Carlo], uma CPI debatendo o assunto no Congresso [CPI do Cachoeira], esse grupo teve a ousadia de se instalar na capital federal. Isso é um indício de que esse grupo está afrontando o Estado brasileiro. Eles não exploram apenas os jogos de azar, eles se sentem aptos a enfrentar o Estado."
Indícios
O delegado Henry Lopes explicou que o grupo que agia no Distrito Federal utilizava uma logística semelhante a do esquema do contraventor no Entorno do DF.
A investigação da Polícia Civil descobriu que funcionários de casas de jogos ilegais fechadas em Brasília e máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia na capital vieram de um dos pontos explorados pelo grupo ligado ao contraventor em Valparaíso, no Entorno do DF, afirmou o delegado.
Todas as pessoas presas nesta sexta podem responder por formação de quadrilha, crime contra a economia popular, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. As penas variam de 5 a 12 anos de prisão, em caso de condenação.
Operação Monte Carlo
Suspeito de comandar rede de jogo ilegal em Goiás, Carlinhos Cachoeira foi preso no dia 29 de fevereiro pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Segundo gravações da PF, o esquema envolvia políticos e empresários em uma rede de corrupção, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas.
Após ser preso, Cachoeira foi levado para o presídio federal de Mossoró por razões de segurança, mas depois transferido para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, onde está até hoje.
Em março, o Ministério Público Federal em Goiás ofereceu denúncia à Justiça Federal contra 81 pessoas envolvidas na máfia dos caça-níqueis desarticulada pela Operação Monte Carlo. Segundo o MPF, tinham participação na quadrilha três policiais federais, sete policiais civis, 28 militares, um policial rodoviário federal e dois servidores públicos.
Eles foram denunciados por formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário