domingo, 10 de março de 2013

Polícia apura falha de bombeiros em incêndio que matou desembargador


Ricardo Aerosa e a esposa morreram ao saltar pela janela do apartamento
Ricardo Aerosa e a esposa morreram ao saltar pela janela do apartamento
A Polícia Civil no Rio investiga se o Corpo de Bombeiros do Estado falhou no atendimento ao incêndio que matou um casal no Leblon, zona sul da cidade, na noite desse domingo (4). Para fugir das chamas, iniciadas pouco depois das 23h, o desembargador federal do trabalho Ricardo Damião Aerosa, 57, e sua mulher, Cristiane Teixeira Pinto, 33, saltaram de uma altura de pouco mais de 15 metros de uma das janelas do imóvel e morreram.
Segundo a assessoria de imprensa da polícia, a porta de entrada do apartamento do casal não era blindada, e sim, "reforçada". Mais cedo, em nota oficial, os bombeiros haviam atribuído à suposta blindagem na porta "com quatro fechaduras" a dificuldade do acesso.
Ontem, vizinhos do casal relataram que os bombeiros teriam chegado ao local apenas 35 minutos depois do incêndio –tempo que os bombeiros afirmam ter sido de seis minutos para atender o chamado. Houve relatos ainda de que os hidrantes da rua estavam se água no momento do incêndio, outra linha de investigação da polícia e que já havia sido confirmada pelos bombeiros.
O caso é investigado pela delegada Flávia Monteiro, da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon). Conforme a policial, por meio da assessoria, a informação sobre a porta e sobre eventuais motivações para o incêndio foi relatada pelo filho único de Areosa. O rapaz já depôs e disse que "acha difícil que o incêndio tenha sido premeditado ou mesmo que o pai tivesse inimigos", informou o órgão.
Hoje de manhã, técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli realizaram perícia no apartamento, uma cobertura na rua General Venâncio Flores, mas o laudo só deve ficar pronto em um período de 15 a 20 dias.
Conforme a polícia, nos próximos dias vão depor familiares, amigos e vizinhos do casal, além de moradores e do porteiro do prédio. A assessoria informou ainda que o comandante da guarnição dos bombeiros que atendeu o chamado também será intimado, mas não soube especificar qual –a a assessoria de imprensa dos bombeiros disse de manhã que oficiais dos quarteis de Copacabana e da Gávea haviam atendido o caso.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa dos bombeiros nos números fixo e celular, no final da tarde, mas ninguém foi localizado para comentar as colocações da Polícia Civil.
O Incêndio
Para escapar das chamas, segundo o Corpo de Bombeiros, o desembargador federal do trabalho e sua mulher saltaram, de uma altura de pouco mais de 15 metros, da janela da área de serviços, e morreram. O prédio de quatro andares fica na rua General Venâncio Flores, e o incêndio teria começado pouco depois das 23h.
Aerosa caiu sobre uma mureta de concreto e teve morte instantânea; sua mulher caiu sobre um toldo, teve traumatismo craniano e morreu o hospital Miguel Couto, na Gávea.
Segundo testemunhas, o casal ficou preso no apartamento, de modo que vizinhos não conseguiram abrir a porta do imóvel, em função das chamas.
Conforme reportagem do jornal "O Globo" de hoje, vizinhos relataram que os bombeiros teriam demorado pelo menos 35 minutos para atender o caso, e, ao chegar, os hidrantes da rua estariam sem água.
Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, Areosa era formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e era autor do livro "Processo do Trabalho - Teoria Geral do Processo Trabalhista e Processo de Conhecimento", publicado em 2009.

Nota dos bombeiros

Em nota, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros do Rio informou que oficiais dos quartéis da Gávea e de Copacabana foram acionados. "A solicitação de socorro foi registrada  às 23h24 no quartel da Gávea e a guarnição chegou ao local às 23h30", diz trecho da nota.  "De acordo com os militares, quando a equipe chegou, as duas vítimas já tinham saltado da janela da cozinha", continua. "Segundo os bombeiros, a porta blindada do apartamento --com quatro fechaduras --dificultou o acesso. Apesar da inoperância do hidrante, não faltou água para o combate, uma vez que os militares captaram água no prédio vizinho", completa a corporação.

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