Funcionários da Agerba mais próximos a Eduardo Pessoa garantem que o diretor-executivo abomina o transporte clandestino. Mas, com a entrega da agência de regulação a grupos políticos, os clandestinos invadiram de vez e atuam com desenvoltura em todas as regiões da Bahia, principalmente naquelas de interesse de políticos da base do governo Wagner.
As empresas de transporte intermunicipal deixaram de investir na renovação da frota devido à sangria em suas contas causada por milhares de topiqueiros e até por carros de passeio que atuam livremente transportando passageiros, sem nenhuma segurança e colocando em risco a vida de usuários. Não é por pouco que a frota clandestina é mais que o dobro, hoje, da do transporte regular: 10 mil contra pouco mais de 4 mil ônibus. O descontentamento dos empresários do setor pela falta de ação do poder concedente é geral. E o pior: 2014 é ano de eleições. E a caixinha das campanhas? Se depender deles, vai minguar.
Fiscais da Agerba não escondem o descontentaento com a situação. Citam vários exemplos para mostrar que a agência perdeu completamente a autonomia. “Na região de Guanambi, todos os fiscais fazem vista grossa para os clandestinos. Não podem multar nem apreender os carros. Guanambi e outros municípios do sudoeste são redutos políticos do deputado estadual João Bonfim, que é pai de Guilherme Bonfim, diretor de Fiscalização da Agerba”, garante um fiscal, em contato com o JORNAL DA MÍDIA.
É Só Politicagem - No Recôncavo da Bahia, a fiscalização da Agerba parou de atuar em municípios como Conceição do Almeida, São Felipe, Castro Alves, Elísio Medrado, entre outros. Fala-se que o coordenador do pólo da Agerba em Santo Antonio de Jesus sofre pressão de todos os lados. Explica-se: a região é reduto do deputado estadual Rogério Andrade (PSD). João Bonfim e Rogério são aliados do vice-governador Otto Alencar, que também é secretário de Infraestrutura. A Seinfra é o órgão que controla a Agerba.
Além de Guilherme Bonfim (diretor), a Agerba tem como gerente de Fiscalização Antonio Galdino, que é cunhado de Rogério Andrade. Aliás, o mesmo fiscal da Agerba contou ao JM que Galdino, que, segundo ele, é conhecido na Agerba como “Paletó”, estaria levando sua esposa, que não é funcionária da Agerba, para fazer palestras sobre “transporte complementar” no extremo sul da Bahia em eventos com topiqueiros. “É um fato lamentável. Nossos colegas coordenadores dos polos de Eunápolis e Teixeira de Freitas estão revoltados, mas não podem fazer nada”, observou a fonte do JM.
E Eduardo Pessoa, diretor-executivo da Agerba, como fica diante dessa situação?, questionou o repórter: “Está desolado. Sabe que a Agerba não tem autonomia para nada, recebe ordens da Seinfra e nada mais. É convocado algumas vezes para resolver problemas do ferryboat. É uma forma que a Seinfra usa para mostrar que ele “está prestigiado”. E assim ele vai se segurando. O cargo é bom e o salário bem razoável. Então, não vale a pena ficar chorando. É preferível engolir sapos e suportar o paletó da Agerba. Mas o diretor não concorda com nada do que estão fazendo com a Agerba”.
NR: Os diretores da Agerba citados pelo fiscal da agência podem contestar, se quiserem, desde que com fundamento, as informações da fonte da matéria.
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