A Bolívia aguarda explicações oficiais do Brasil sobre a operação que resultou na saída do senador boliviano Roger Pinto Molina, com o apoio de funcionários da embaixada brasileira em La Paz, e na saída do chanceler Antônio Patriota. "Soubemos da saída de Patriota pela imprensa e preferimos esperar as informações do governo brasileiro sobre esse episódio, que violou as normas da Bolívia, do Brasil e internacionais", disse a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Davila, em entrevista por telefone nessa segunda-feira (26).
Líder do partido de oposição Convergência Nacional, Molina é denunciado em pelo menos 20 processos por desacato, venda de bens do Estado e corrupção. Ha 15 meses, ele refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz, alegando ser perseguido político, depois de fazer denúncias de corrupção contra o governo Evo Morales. O governo brasileiro lhe concedeu asilo político em maio de 2012, mas para sair do país, o senador precisaria de um salvo-conduto (autorização) - que o governo boliviano negou.
"Não podemos dar salvo-conduto para uma pessoa que foi condenada pela Justiça e que está sendo investigada por participação no massacre de 13 indígenas, na província de Pando, em 2008", explicou Davila. Segundo ela, Molina só recebeu asilo na embaixada brasileira porque o então embaixador Marcel Biato e o encarregado de negócios Eduardo Saboia "deram ao governo de Dilma Rousseff uma informação incompleta" sobre a situação do senador, "que conta com o apoio de forças políticas e conservadoras, tanto na Bolívia quanto no Brasil".
Depois de passar 454 dias trancado na embaixada brasileira, Pinto Molina chegou a Corumbá (MS) no sábado (24). Para chegar lá, ele teve que fazer uma viagem de 22 horas, em um carro da Embaixada do Brasil, escoltado por fuzileiros navais. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, ao cruzar a fronteira boliviana, foi recebido por agentes da Policia Federal e seguiu para Brasília de avião.
O diplomata brasileiro Eduardo Saboia - que estava como encarregado de negócios na embaixada em La Paz depois da saída de Biato - assumiu a responsabilidade pela operação. Ele disse que tomou a decisão de tirar o senador do país porque "havia risco iminente à vida" dele. Molina - que há mais de um ano vivia em espaço de 20 metros quadrados, longe da mulher, dos três filhos e quatro netos - já teria ameaçado suicidar-se.
O diplomata brasileiro Eduardo Saboia - que estava como encarregado de negócios na embaixada em La Paz depois da saída de Biato - assumiu a responsabilidade pela operação. Ele disse que tomou a decisão de tirar o senador do país porque "havia risco iminente à vida" dele. Molina - que há mais de um ano vivia em espaço de 20 metros quadrados, longe da mulher, dos três filhos e quatro netos - já teria ameaçado suicidar-se.
"Achamos estranho que ele estivesse correndo risco de vida e estivesse em condições de viajar de carro, encontrar-se com amigos e fazer declarações à imprensa", disse Davila. "Devo agradecer, uma vez mais, às autoridades do Brasil", disse o senador ao chegar em Brasília, onde ficou hospedado na casa do senador Ferraço.
Para Davila, o caso de Pinto Molina não é comparável ao do australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, que revelou documentos secretos de mais de um governo. Ele pediu asilo político ao Equador e está escondido na embaixada equatoriana em Londres, desde 19 de junho de 2012. O governo britânico nega o salvo-conduto porque Assange está sendo buscado pela Justiça sueca, para responder a acusações de agressão sexual.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário