segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Médicos cubanos descartam terem vindo ao Brasil obrigados


Às 20h30 deste domingo (25) chegaram a Salvador os primeiros cerca de 50 médicos que trabalharão em municípios pobres do estado por meio do programa federal Mais Médicos. Em conversa com os jornalistas, os profissionais negaram que tenham vindo ao país obrigados pelo governo cubano e falaram em “solidariedade”.
 
Vestidos de jalecos e carregando pequenas bandeiras cubanas e brasileiras, os médicos foram recepcionados por cerca de 30 pessoas, a maioria ligadas a partidos e organizações de esquerda. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “cubano amigo, Brasil está contigo” e agradeciam pela chegada dos estrangeiros. Alguns deles surgiram no desembarque do aeroporto da capital baiana com lágrimas nos olhos.
 
De acordo com Ivette López, os profissionais cubanos que chegaram à Bahia têm larga experiência em atendimento em outros países e continentes, a exemplo da América Latina e África, e que o objetivo do grupo é a judar o povo, enquanto a remuneração é um assunto de importância menor. “Não há preocupação com quanto vamos ganhar ou a bolsa. Esta não é a preocupação. Nós viemos aqui só por solidariedade”, disse.
 
Ela declarou também que espera trabalhar com todo tipo de gente, que tem boas expectativas quanto à atividade e que “não deve haver nenhum problema”. Logo após, descartou que a gestão do regime cubano os tenha obrigado a ir ao Brasil. “Não é certo (a sugestão de obrigação”. Não é verdade. Nós viemos aqui somente por solidariedade. Igual em outros países quando trabalhamos”.
 
 
Emilio Vital, um dos três médicos escolhidos pelo Governo da Bahia para conversar com os jornalistas, disse que todos os colegas que vieram manifestaram a vontade de trabalhar em solo brasileiro. Ele também tem consciência de que as condições de trabalho não serão ideais e, por isto, disse não ver problema na impossibilidade de trazer familiares ao país.
 
Já René Majero afirmou que os cubanos têm experiência de muitos anos no trabalho internacional e que sempre que há a saída de médicos da Ilha para o trabalho, este acontece “desinteressadamente”. “Trabalhamos pelos princípios de solidariedade e integridade mundial. Por amor”. Porém, quando perguntado sua opinião quanto às críticas que os médicos brasileiros fazem ao programa federal, o cubano preferiu se manter calado.
 
Os profissionais caribenhos serão enviados para 22 municípios da Bahia considerados de extrema pobreza para trabalhar em unidades de saúde básica. Segundo o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, todas as unidades estão equipadas, porém sofrem com a ausência de médicos. Muitas delas, ele afirma, já têm equipes técnicas e de enfermeiros, mas ainda não o médico responsável.
 
Haverá três semanas de avaliação dos profissionais, com cursos de língua portuguesa, adaptação ao Sistema Único de Saúde e à realidade do interior baiano. O secretário reforçou ainda que, apesar da chegada dos cubanos via mais Médicos, o Governo da Bahia tem convênios com a Organização Pan-Americana de Saúde que trazem médicos de outras nacionalidades para trabalhar na Bahia.
 
Solla criticou os detratores do projeto e disse que “quem é contrario a esse programa (Mais Médicos) é contrário à saúde pública brasileira, é contrário à população mais excluída”. “Se você for ver quem são esses municípios, são populações que moram em regiões de maior distância da capital, dos centros urbanos. Nós fizemos investimentos para fazer mil postos de saúde, equipados e com equipe. Infelizmente o número de médicos não cresceu na mesma proporção e esse reforço é fundamental. O Brasil não é o primeiro país (a aceitar médicos cubanos). São mais de 60 países que recebem profissionais médicos de Cuba através de convênios de cooperação com resultados muito positivos.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário