No conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI, já se sabe com alguma certeza que caberá aos seis cardeais alemães no encontro o papel decisivo. O país que deu ao mundo o teólogo bávaro Joseph Ratzinger, eleito pontífice em 2005, e que, antes disso, já fizera do polonês Karol Wojtyla o papa João Paulo II, prepara-se, agora, para colocar à frente do rebanho de 1,2 bilhão de católicos outro nome de sua preferência. Pode ser até um cardeal brasileiro de origem alemã, Dom Odilo Scherer. “A influência dos alemães é enorme e foi decisiva nos últimos dois conclaves”, disse a ÉPOCA Andrea Tornielli, historiador e vaticanista do jornal La Stampa. “Com o pontificado de Ratzinger, eles se fortaleceram ainda mais.”
Embora não se trate de um gigante do catolicismo – a Alemanha tem apenas a quinta maior população de católicos da Europa, atrás de França, Itália, Espanha e Polônia –, a influência alemã no interior da Igreja é enorme (leia o gráfico abaixo). Ela é assegurada pelo peso histórico de seus teólogos, que fizeram da Alemanha um dos centros mundiais do pensamento católico, prolonga-se pela unidade do episcopado alemão, que se apresenta unido e uniforme diante do clero de outros países, e chega ao apogeu no enorme poder econômico da Igreja germânica. A riqueza da Igreja alemã se reflete em obras de caridade e no apoio às comunidades católicas do mundo inteiro. “Não há nenhuma diocese brasileira que não tenha recebido dinheiro alemão”, afirma o teólogo Volney José Berkenbrock, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Eles não usam isso como moeda de troca, longe disso, mas influência é influência.”
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