quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SOBRE O DEBATE ENTRE OS CANDIDATOS NA FTC


A peleja verbal entre os seis candidatos a prefeito de Itabuna, nesta terça-feira, 18, no auditório da FTC, teria sido sonolenta se não fosse o espirituoso Pedro Eliodório. Sua veia cômica aqueceu o debate e fez valer o ingresso. No mais, foi tudo muito morno.
A ordem em que os prefeituráveis assentaram-se à mesa não passou despercebida ao radical e verborrágico Zé Roberto (PSTU), aquele que diz: “nessa eleição, de um lado estão os candidatos dos ricos…”, enquanto ele é o que representa a classe trabalhadora. À esquerda da plateia, estavam, pela ordem, os “ricos” Juçara (PT), Azevedo (DEM) e Vane (PRB); ironicamente à direita, postavam-se o incendiário Pedro Eliodório (PCB), o flutuante Zem Costa (PCB) e o bolchevique Zé Roberto (PSTU).
Zé é uma figura. Uma de suas propostas é a de estatizar o transporte coletivo para reduzir o preço da passagem de ônibus, que seria subsidiada pela “viúva”. O rapaz tem eloquência, mas esse tipo de demagogia estraga seu samba-enredo.
O Zem Costa tem uma ideia legal, a de atenuar o problema do lixo com investimento em biodigestores para transformar os detritos em gás. Só o fato de incluir a sustentabilidade na pauta confere um ponto ao candidato do PSOL, mas o discurso dele é um sonífero poderoso. Definitivamente, Zem é zen pra caramba.
Juçara falou bem, mas com a desvantagem de não ter o que mostrar. Muito verbo e pouco projeto, porém o que mais chamou atenção foi o esforço da petista para desligar sua imagem da figura do marido, o deputado federal Geraldo Simões. Em determinado momento, o cabra do PSTU questionou por que Simões, quando prefeito, deu destinação incerta a R$ 1 milhão (devolvido pelo ex-presidente da Câmara de Vereadores, Emanoel Acilino) que seria para construir duas creches. Juçara, secretária de Desenvolvimento Social à época, saiu pela tangente e aplicou um #necomigonão, afirmando ter “identidade própria”.
Vane estava um tanto nervoso e a certa altura, quando falava da ideia de transformar a Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) em autarquia, acabou dizendo que a converteria em uma “igreja”. Corrigiu-se em seguida, mas os apupos foram inevitáveis. O candidato teve momentos de embate com Juçara, a quem chamou de raivosa. Ela respondeu, dizendo que fala a verdade e lembrou que Vane fez parte do governo de seu marido.
Azevedo tergiversou às vezes, mas, considerando o fato de que foi o principal alvo de todos os demais competidores, até que não se saiu mal. Manteve-se impassível diante do bombardeio e, tal qual velho marinheiro, levou seu barco devagar. Poderia ser mais incisivo em algumas respostas, mas conseguiu dar seu recado.
Aplausos à iniciativa da FTC, mesmo que o modelo de debate seja um tanto engessado. A organização, porém, foi impecável e o mediador Fábio Santos, professor do curso de Direito, fez um belíssimo trabalho. Deu conta da missão com propriedade.

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