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A suplementação com colina, um nutriente que faz parte do complexo B de vitaminas e é encontrado em carnes e ovos, pode vir a fazer parte das recomendações da dieta da gestante. É o que sugere um novo estudo conduzido pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Segundo o levantamento, a colina ajuda a reduzir a vulnerabilidade para doenças causadas pelo stress na vida adulta.
Quando consumida em grandes quantidades na gravidez, a colina pode reduzir problemas como distúrbio de saúde mental e condições crônicas, como hipertensão, anos mais tarde. Em pesquisas anteriores publicadas no FASEB Journal, periódico da Federação Americana das Sociedades de Biologia Experimental, pesquisadores da Universidade de Cornell e da Universidade de Rochester já haviam relatado que uma dieta com quantidades de colina mais altas do que o normal, durante a gravidez, havia alterado os marcadores epigenéticos do feto.
Na pesquisa, descobriu-se que os marcadores que eram afetados eram aqueles que regulam o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA), responsável por controlar virtualmente todas as atividades hormonais do corpo. Esse eixo controla até mesmo a produção do hormônio cortisol, que reflete nossa resposta ao stress e regula o metabolismo — quanto maiores os níveis de cortisol no sangue, mais estressada a pessoa está.
Suplementação — Mais colina na dieta materna leva a um eixo HPA mais estável na gestante e, consequentemente, menos cortisol chega ao feto. Pesquisas anteriores já tinham demonstrado que uma exposição a altos níveis de cortisol, normalmente resultado da ansiedade ou depressão da gestante, pode aumentar os riscos do bebê desenvolver mais tarde desordens metabólicas e outros problemas relacionados ao stress.
"O estudo demonstra que um nutriente relativamente simples pode ter efeitos na vida pré-natal. Esses efeitos, provavelmente, continuam a ter influência duradoura sobre a vida adulta", diz Eva K. Pressman, coordenadora do estudo e diretora do programa de gestação de alto risco da Universidade de Rochester. "Embora nossos resultados não mudem a prática agora, a ideia que o consumo materno de colina essencialmente muda a expressão genética do feto até a idade adulta é uma novidade."
Menos cortisol — Foram estudadas 26 gestantes no terceiro trimestre. Elas foram divididas em dois grupos. Uma parte ingeriu 480 miligramas (mg) por dia, uma quantia um pouco acima do recomendado de 450 miligramas. O outro grupo consumiu quase o dobro, 930 miligramas. A colina era derivada da própria dieta e de suplementos, e foi consumida até o parto.
O consumo mais elevado de colina levou a maiores alterações nos marcadores epigenéticos que governam os genes reguladores do cortisol. Níveis altos de colina reduziram a ação desses genes, resultando em 33% menos cortisol no sangue dos bebês cujas mães consumiram as 930 miligramas.
Recomendação médica — Os autores afirmam que a descoberta levanta a possibilidade de que a colina pode ser usada de maneira terapêutica em casos nos quais o excesso de stress pode fazer aumentar as quantias de cortisol liberadas no feto. "Um dia, poderemos vir a prescrever colina da mesma maneira como prescrevemos o ácido fólico para todas as gestantes", diz Eva. "Além de barato, o nutriente não tem virtualmente nenhum efeito colateral nas doses usadas nesse estudo."
MARCADORES EPIGENÉTICOS
Os marcadores epigenéticos são modificações no DNA que sinalizam ao genes se eles devem se expressar ou não. Esses marcadores não chegam a alterar nossa genética, mas deixam uma marca permanente ao ditar o destino do gene: se um gene não se expressa, é como se ele não existisse.
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