sábado, 29 de setembro de 2012

Símbolo do poder na era Collor, Casa da Dinda não tem mais moradores


Vista da área da Casa da Dinda feita durante sobrevoo de helicóptero
Vista da área da Casa da Dinda feita durante sobrevoo de helicóptero
Vinte anos após o impeachment, um dos principais símbolos de poder durante o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, a Casa da Dinda, mansão no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, está desabitada, embora receba manutenção diária. O ex-presidente, hoje senador pelo PTB de Alagoas, usa um apartamento funcional como residência na capital federal.
Quando assumiu o mandato no Senado, em 2008, Collor disse que não voltaria a morar na residência da família por receio de que o local trouxesse más lembranças. Foi para lá que ele se dirigiu após assinar a renúncia ao cargo de presidente da República, em 1992.
A Casa da Dinda foi a residência oficial de Collor entre 1990 e 1992. Ele decidiu morar lá porque o Palácio da Alvorada estava em reforma e ele não teria se adaptado à Granja do Torto, outra residência oficial da Presidência da República.
Batizada em homenagem à mãe de Collor, dona Leda, a Casa da Dinda foi comprada pelo pai do ex-presidente, Arnon Afonso de Farias Mello, em 1964.
De acordo com certidão emitida pelo 2º Cartório de Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal, a casa continua no nome de Arnon de Mello, que morreu em setembro de 1983.
A mansão está em um terreno de 5 mil metros quadrados com heliponto, amplos jardins, cachoeiras artificiais e às margens do Lago Paranoá.
Guarita construída para proteger o então presidente Collor virou depósito de lixo (Foto: Vianey Bentes / TV Globo)

Uma reforma feita entre 1989 e 1992 e orçada na época em US$ 2,5 milhões teria sido paga com cheques de contas fantasmas administradas pelo tesoureiro de Collor, Paulo César Farias.
De acordo com Daniel Dall'Oca, corretor de imóveis especializado no mercado de luxo, um terreno na região onde fica a Casa da Dinda custa até R$ 6 milhões. “Estou negociando um terreno com área de 6 mil quadrados na mesma quadra por R$ 5 milhões. Os lotes ali variam entre R$ 4 milhões e 6 milhões, dependendo do tamanho”, explica Dall'Oca.
O corretor afirma que a região do Setor de Mansões do Lago Norte em que a Casa da Dinda está localizada é muito procurada por pessoas que buscam ter uma segunda moradia, voltada para o lazer, em Brasília. “É onde eles geralmente deixam lanchas e barcos, porque são quadras com acesso ao Lago Paranoá.”
Uso atual
Vizinhos da residência  afirmam que o local é visitado com frequência, especialmente nos fins de semana, mas não souberam dizer quem costuma ir até a casa.
A reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria do senador várias vezes em agosto e setembro, mas Collor não quis falar sobre a casa.
Funcionários que não quiseram se identificar disseram que os jardins da residência recebem manutenção diária. Pelos menos dois homens vão ao local todos os dias para aparar a grama e realizar a poda das árvores da casa.
Vista do lado de fora, a mansão não apresenta sinais de abandono. Os lustres estão limpos e, assim como a placa com o nome da residência, foram pintados há pouco tempo. Imagens feitas de helicóptero pela reportagem indicam que a residência tem aparência de bem conservada.
Porém, as guaritas de segurança construídas na área externa, na época em que Collor era presidente, destoam do restante da construção. Estão tomadas por lixo e cercadas de mato alto.
A vigilância da casa é feita atualmente por câmeras de segurança, com monitoramento 24 horas, segundo um funcionário da casa que pediu para não ser identificado.

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