Antigamente, “sair na mão” era coisa de machão. Pelo menos, é a impressão que temos ao nos deparar com a quantidade de vídeos de brigas envolvendo mulheres que circulam na rede da internet. Culturalmente, acredita-se que homens brigando era sinal de masculinidade, se tornando algo normal, mas mulheres?
O fato é que a violência “rosa” está ficando cada vez mais banalizada, entre as brigonas estão adolescentes estudantes, donas de casa, que terminam chegando à vias de fato motivadas por uma disputa de um “amor” em comum.
A deputada Neusa Cadore (PT), presidente da comissão dos Direitos da Mulher, na Assembléia Legislativa da Bahia, se posicionou de uma forma genérica sobre o assunto afirmando que a agressividade e a banalização da violência têm acontecido em toda sociedade - que vai além das mulheres - e atribuiu a situação a um conjunto de fatores que influenciam. “Existe um processo de desumanização das pessoas que é fruto do desequilíbrio social. Notavelmente, não era comum sermos mais agressivos, nas escolas, por exemplo, não existia tanta violência como existe atualmente. Há uma carga excessiva de estresse e a crescente perda de valores morais. Nosso desafio agora é construir uma cultura de paz”, afirma a deputada.
O juiz de Direito e ex-delegado, Ubaldino Leite, reconhece que as mulheres têm se tornado tão brigonas quanto os homens e faz uma análise. “Quem vai para linha de frente, para área de atrito tem o ônus e bônus. Na medida em que a mulher passou a ter direitos iguais aos dos homens, inclusive os de ser chefe em empresas, de famílias, e até em áreas policiais e militares, fez com que as femininas viessem para a linha de frente, colocando-a face a face com as áreas de atrito. Em decorrência disso passamos a ver, cotidianamente, mulheres em vias de fato, aos gritos e em alguns casos, até com uso de armas de fogo, passando a frequentar as páginas policiais, independente de classe social”, explica Ubaldino.
A psicóloga Suely Borges, do Centro de Atenção Psicossocial Eduardo Alves de Araújo em Lauro de Freitas, que trabalha com transtorno mental, declarou que não tem um estudo aprofundado sobre o caso, mas opinou. “Antes de tudo, existe um aspecto, que pode ser observado, que é o fato da população feminina ser maior que a masculina e isso pode influenciar na quantidade de casos de violência entre mulheres. Sem dúvida, as mulheres contemporâneas sofrem com o estresse cotidiano, devido e a carga de trabalho somada às obrigações dentro de casa, isso pode ser outro fator que influencie, tendo em vista que o papel masculino tem sido assumido pela mulher na sociedade e isso reflete no enfrentamento com outras mulheres, ainda com o agravo das influências da classe social, como, a opressão, a descriminação, a exclusão social, e outro fator ainda mais grave; a banalização da imagem da mulher que tem contribuído para a fragilização e por consequência a sua vulnerabilidade aos vários tipos de violência. Acho que temos aí, muito mais um problema social do que do âmbito psicológico”, comenta Suely Borges.
Nenhum comentário:
Postar um comentário