Contrariando decisão da Justiça baiana, que determinava a circulação de pelo menos 60% da frota de ônibus nos horários de pico e de 40% no restante do dia, em caso de greve, os rodoviários de Salvador e região metropolitana iniciaram paralisação, na manhã desta quarta-feira tirando todos os veículos das ruas. A multa prevista pela Justiça para o descumprimento da norma é de R$ 50 mil por dia.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário da Bahia (Sinttroba), ficou acordado com os manifestantes, na assembleia realizada na tarde de ontem, que a decisão judicial seria cumprida, mas os rodoviários não compareceram às garagens, na manhã de hoje. "Não temos como controlar isso", justifica o vice-presidente do sindicato, Euvaldo Alves.
Os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 14%, plano de saúde e aumento do valor dos tíquetes de alimentação de R$ 10,60 para R$ 12. O sindicato patronal ainda não fez uma contraproposta.
A greve, somada à chuva que atinge a cidade há uma semana, alagando as vias, travou o trânsito na capital baiana na manhã de hoje. Segundo o Sinttroba, está marcada uma assembleia da categoria para a próxima segunda-feira.
Entre trabalhadores de ônibus urbanos, metropolitanos e intermunicipais, cerca de 23 rodoviários estão de braços cruzados. Sem Metrô e com uma pequena malha ferroviária - que atinge poucos bairros do subúrbio - o ônibus é o principal meio de transporte de massa dos soteropolitanos.
"Saí de casa às 6h da manhã, esperei por um ônibus até as 8h30, e nada. Para chegar no serviço às 9h, peguei um táxi, que a patroa pagou", afirmou a empregada doméstica Maria José dos Santos, que mora no bairro de Pernambués e trabalha na Barra.
De acordo com o secretário-geral do Sintroba, José de Jesus Sodré, foram realizadas 11 reuniões com os donos das empresas, alem de outras duas reuniões com o Ministério Público do Trabalho e uma audiência de conciliação no TRT, todas fracassadas.
Os pedidos da categoria são aumento de 13,8% baseado no índice de inflação do Dieese, fim da terceirização, volta do pagamento quinquênio - retirado em 2006 - e acréscimo de 26 para 30 vales-alimentação por mês. Durante as conversações, realizadas ao longo de dois meses, o sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (Setps) - a associação patronal apresentou contraproposta de aumento salarial e no vale-refeição de 4,88%, a partir de setembro, dizem os rodoviários.
"É um absurdo o Seteps alegar falta de verba. É uma atividade laboral que trabalha com pagamento instantâneo. Ninguém paga passagem com cheque", ironiza Sodré. A reportagem não conseguiu localizar representantes do sindicato patronal para falar da greve.
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