sábado, 2 de junho de 2012

PF aponta indícios de lavagem de dinheiro na compra da TV Record


A Polícia Federal enviou à Justiça Federal e ao MPF (Ministério Público Federal) relatório de dez páginas onde aponta indícios de que a compra da TV Record por Edir Macedo foi feita por intermédio de lavagem de dinheiro da Igreja Universal do Reino de Deus.
O negócio foi realizado há 20 anos e envolve mais de 10 pessoas, algumas delas, segundo a PF, são “laranjas” porque não tinham condições financeiras para participar de uma operação de tal monta. De acordo com apuração do delegado Hélio Khristian, da Delegacia de Polícia Fazendária, da PF do Rio, esse grupo de pessoas obteve na época da compra empréstimo de US$ 20 milhões (R$ 40 milhões) de duas empresas com sede em paraísos fiscais, Ilhas Cayman e Ilhas de Jersey. Trata-se da Investholging e a Cableinvest, empresas que estavam em nome da Igreja Universal. 
Empréstimos milionários foram concedidos a um pedreiro, um comerciante, um farmacêutico e um militar da reserva.  Alba Maria Silva Costa e o ex-deputado Odenir Laprovita Vieira teriam desempenhado o papel de operadores da negociação, de acordo com o relatório da PF ao qual o jornal O Globo teve acesso. Entre 1992 e 1994, época da compra da emissora, Alba movimentou cerca de US$ 18 milhões (R$ 36 milhões) sem dar conhecimento às autoridades financeiras do Brasil.  Na lista dos nomes de envolvidos na suposta lavagem de dinheiro, além de Edir Macedo, constam Silvia Jane Hodgi Crivela (mulher do ministro da Pesca e pastor licenciado Marcelo Crivela), Carlos Alberto Rodrigues (o bispo Rodrigues) e o empresário Múcio Athaíde.

No relatório, Khristian escreveu: “Depreende-se e destaca-se da leitura atenta deste procedimento que houve escandaloso esquema fraudulento, complexa organização criminosa voltada especialmente para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, com a falsificação de documentos, utilização de laranjas em operações espúrias, tudo com o claro e primordial intento de ludibriar o poder público”.  Apesar desse “esquema fraudulento”, três dos quatros supostos crimes da operação estão prescritos: sonegação fiscal, falsidade ideológica e crime contra o sistema financeiro. O que continua valendo é o crime de lavagem de dinheiro.

Denise Provasi Vaz, advogada da Universal, emitiu nota negando que a igreja esteja envolvida na operação de lavagem de dinheiro. Segundo ela, outro processo da Polícia Federal foi arquivado porque se comprovou a legalidade do negócio. O MPF terá de decidir se converte o relatório da PF em um processo formal, com uma denúncia (acusação) à Justiça. Edir Macedo e outros integrantes da Universal já são réus em um processo que tramita na 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo sob a acusação do MPF de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. 

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