domingo, 2 de dezembro de 2012

Casos de coqueluche no Brasil dobram e mortes aumentam 91%


Bebê é imunizado em campanha de vacinação no Estado do Rio Grande do Sul 
 
 
Os casos de coqueluche no Brasil aumentaram 114,8% entre janeiro e outubro de 2012, em relação a igual período do ano passado. Até agosto, o número de mortes tinha aumentado 91% (de 24 para 46), mas os dados podem ser ainda piores, já que não estão contabilizadas, por exemplo, três outras mortes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2012.
A doença, que teve 90% dos casos identificados em menores de um ano de idade, é considerado de difícil diagnóstico, já que o principal sintoma, a tosse, é confundido com outras doenças, levando o médico a identificar o mal como uma virose. Não existe no mercado uma vacina 100% efetiva, além das crianças só completarem a imunização após seis meses de vida.
"Essa é uma das dificuldades na coqueluche: você não tem exames laboratoriais para confirmar. Ao suspeitar da coqueluche, o médico deve instituir o tratamento específico. O que complica é que a coqueluche acontece em uma idade em que vários outros vírus produzem também tosse", explica o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
Quando se avalia os dados da coqueluche de forma mais localizada no País, é possível identificar um aumento significativo dos casos no Espírito Santo, onde as infecções cresceram 530%, em Santa Catarina, onde o aumento foi de 444%, no Rio Grande do Sul, que subiu 344%, e no Paraná, onde o crescimento foi de 257%. Isso gerou alertas das autoridades sanitárias locais. Em Porto Alegre, escolas e postos de saúde foram notificados, além de associações médicas se mobilizarem pelo diagnóstico precoce.
Vacina ineficaz
Segundo o Ministério da Saúde, a doença passa por ciclos de 3 a 7 anos, que fazem com que os casos aumentem em todo o mundo. As autoridades afirmam que ainda não existem estudos conclusivos sobre os motivos, mas suspeitam de modificações no agente causador da vacina (bordetella pertussi), que faz com que a imunização perca sua efetividade, aumentando o número de vacinados suscetíveis à infecção.
"A coqueluche tem um comportamento, por razões não completamente esclarecidas, no qual a cada período de sete anos tem um recrudescimento dos casos. Isso é um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, desde o ano passado eles registram um número muito superior ao que era visto nos últimos cinco anos, com mais de 21 mil casos em 2011, e isso também ocorre em países da Europa", aponta Barbosa.
Para combater esse aumento de casos, segundo o secretário, os médicos estão sendo orientados a levar a coqueluche em conta ao fazer um diagnóstico, já que não existe exame laboratorial para isso. Também pode ser adotada uma vacina para gestantes, a partir de 2013, que suprimiria a janela de imunização a qual os pequenos ficam expostos até os seis meses de vida.
"É uma doença muito comum, porque nenhuma das vacinas disponíveis é completamente eficaz. Aquela em uso atualmente é a melhor. Entretanto, entre o nascimento e os seis meses, a criança está começando a criar seus anticorpos, tem apenas os anticorpos da mãe para se proteger da doença. Essa estratégia de vacinar as mulheres grávidas é para que os anticorpos transmitidos da mãe para o filho durante a gestação aumentem a proteção da criança durante esse período, até ela completar o esquema de vacinação", afirma Barbosa.

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