Empresas que atrasavam o pagamento de propina eram “punidas” pelo então diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque, conforme revelou o doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal em depoimento sob acordo de delação premiada.
Além disso, segundo o doleiro, “caso precisasse de aditivo, a empresa ‘não contribuinte’ não contaria com qualquer auxílio ou facilitação para que os aditivos fossem aprovados ou agilizados”. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com o doleiro, Duque procurou representes da Alusa e sugeriu que eles apresentassem uma determinada proposta para arrematar uma obra do Comperj, complexo petroquímico no Rio de Janeiro, que estaria prometida para a Camargo Corrêa.
Youssef relatou que o ex-diretor pretendia prejudicar a Camargo Corrêa, que “fazia jogo duro” para desembolsar o suborno.
No mesmo relato à PF, o doleiro deu outros detalhes, confirmando que empresas refratárias ao esquema de corrupção enfrentavam mais dificuldades na Petrobras.
Ele relatou que os obstáculos surgiam quando havia a necessidade de estatal aprovar alterações de prazos e reajustes de valores.
O doleiro também explicou como funcionava a sistemática usada por outro ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa (Abastecimento), na hora de exigir suborno dos empresários.
Como exemplo, lembrou a ocasião em que foi cobrar propina da construtora Delta referente a um contrato firmado com a área de Abastecimento, mesmo não sabendo se a empreiteira havia se beneficiado pelo esquema.
Os representantes da Delta teriam informado que não tinham recursos para arcar com o suborno.
“A orientação que recebia, tanto por parte da liderança do PP quanto de Paulo Roberto Costa, foi (…) de cobrar comissão de todas as empresas que celebrassem contratos no âmbito da diretoria de Abastecimento”, disse Youssef aos policiais.
Com a anuência de Costa, segundo ele, o doleiro interferia no funcionamento do cartel que atuava junto a Petrobras, no sentido de reduzir a concorrência entre as participantes do grupo.
Youssef disse ter atendido a um pedido de Marcio Farias, da Odebrecht, para pedir aos diretores da Galvão Engenharia que parassem de “furar os contratos”, ou seja, oferecer preços menores para vencer as concorrências na estatal.
O doleiro relatou que disse aos representantes da Galvão: “se prosseguisse nessa conduta, a empresa não seria mais convidada a participar das licitações”.
“(…) Os executivos entenderam a mensagem e pararam de agir de forma diferente do combinado”, relatou Youssef. (Diário do Poder)
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