A Justiça abriu um processo contra 18 pessoas acusadas na Operação Porto Seguro da Polícia Federal, que foi responsável pela investigação sobre suposto esquema de venda de pareceres técnicos de órgãos públicos federais, informaram nesta sexta-feira fontes oficiais.
O escândalo foi destapado em 2012 pelo ex-funcionário do Tribunal de Contas da União Cyonil Borges, que disse ter recebido uma oferta de R$ 300 mil para elaborar um relatório em favor de uma empresa que participou de uma licitação para as obras do porto.
Entre os acusados destaca-se Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, cargo para o qual tinha sido nomeada por Lula em 2003 e mantida depois pela nova chefe de Estado, Dilma Rousseff, que a destituiu após a divulgação do caso.
O juiz federal Fernando Américo Porto aceitou a denúncia contra 18 pessoas acusadas pela práticas de crime de formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção ativa, segundo um comunicado.
De acordo com a polícia, que identificou os acusados em uma operação conhecida como "Porto Seguro", a rede que era integrada por Rosemary era dirigida pelos irmãos Paulo e Rubens Vieira, o primeiro ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) e o segundo ex-diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que também figuram entre os 18 acusados.
Ambos são acusados de supostamente elaborar relatórios técnicos que favoreciam empresas interessadas em contratos públicos.
Apesar do elevado número de acusados no escândalo de corrupção, os partidos de oposição e a imprensa se centraram em Rosemary Noronha, que há anos mantinha uma relação "muito próxima" com Lula, de acordo com diversas fontes políticas.
Segundo dados oficiais citados pela imprensa local no momento no qual foi destapado o escândalo, Rosemary tinha passaporte diplomático e integrou a comitiva de Lula em viagens que o então presidente fez entre 2004 e 2011 a 24 países, apesar trabalhar em um escritório "secundário" da Presidência.
O jornal "O Globo" assegurou, além disso, que teve acesso aos detalhes da investigação, segundo os quais foram "interceptados" cerca de "10 mil e-mails" e em um deles, Rosemary assegura a Paulo Vieira, suposto líder do grupo, que falava "todos os dias" com Lula.
O jornal "Correio Braziliense", por sua parte, afirmou então que, nessas viagens oficiais, Rosemary costumava se hospedar "no mesmo hotel que o presidente e seus ministros, um fato nada comum para funcionários de sua categoria"
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