quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

BA: Ataques a bancos se multiplicam no interior; índice cresce no final de ano


imageQuadrilhas têm aterrorizado em quase todas as regiãoes da Ba
No início e final de ano as quadrilhas intensifiquem os ataques a bancos na Bahia. Das 160 ocorrências de assaltos, arrombamentos, explosões de caixas eletrônicos e tentativas no estado este ano, quase 40% (62) aconteceram nos três primeiros meses do ano.
Depois de um período de baixa no meio do ano, os bandidos voltaram com tudo e fazem neste último trimestre os números crescerem num ritmo parecido com o do início do ano. Só em novembro foram 22 ocorrências. Dezembro também caminha a passos largos: sete ocorrências em cinco dias. Os números são do Sindicato dos Bancários da Bahia (Sindbancários).

Este mês está só começando e já tem o mesmo número de registros que maio e agosto. Na terça-feira, três agências foram alvos de quadrilhas em Mundo Novo e Iramaia, ambas na Chapada Diamantina, e em Encruzilhada, a 645 km de Salvador. Até quarta (5), o Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras (Garcif) mobilizava mais de 50 pessoas nas investigações. Sem resultado.

No caso de Mundo Novo, a aposentada Meire Lino relata ter ouvido pelo menos 30 tiros. “A impressão é que eram fogos de São João. Fui para o fundo da casa de uma amiga e consegui ver um homem encapuzado segurando uma pistola e uma mulher deitada no chão”, descreve.

Na fuga, o grupo, com dez bandidos, levou sete funcionários do Banco do Brasil como reféns, segundo a polícia, que foram liberados sem ferimentos. O banco não divulgou o valor roubado.

Comparando os dados de 2012 com o do ano passado constata-se já crescimento de 44,5%. Em 2011, foram contabilizadas 110 ocorrências. No topo, está o mês de fevereiro com 24 ocorrências e média de 0,8 assalto/dia. Na sequência, aparecem março (23) e novembro (22).

O presidente do Sindbancários, Euclides Fagundes, aponta a maior movimentação de dinheiro no final de ano como fator de aumento do número de ataques. “Há maior circulação de dinheiro, o comércio está mais aquecido e a movimentação é bem maior.  Parece que o espírito natalino bate na bandidagem”, avalia.

Ranking
Com maior número de agências, Salvador e Feira de Santana lideram o ranking de ataques no ano, com 30 e 6 respectivamente. Em seguida vem Ituberá, no Baixo Sul, que, com três agências, teve 5 ataques no ano. Confira abaixo as cidades atacadas.

No início de junho, duas agências (Banco do Brasil e Bradesco) foram assaltadas por um grupo de 20 homens armados, que chegaram a Ituberá em três carros. Nem a polícia foi poupada. O bando seguiu para a delegacia e manteve três policiais – delegado, escrivão e agente – encurralados. Na fuga, fizeram reféns, que foram liberados depois.

O dia ainda não saiu da memória dos moradores. O vendedor Leonardo Monteiro, 20, lembra do pânico que tomou conta da cidade. “Nunca aconteceu algo assim. Já ouve boatos, inclusive, de que o Banco do Brasil vai fechar porque os funcionários ficaram traumatizados. Foi um dia terrível”, disse.

Medo faz bancários criarem estratégias de segurança
Os bancários têm criado medidas autoprotetivas para evitar assaltos, de acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia (Sindbancários), Euclides Fagundes. Ele conta que em Irará, município localizado a 128 quilômetros de Salvador, um gerente de banco tem por prática retirar o dinheiro dos caixas eletrônicos na tentativa de que os equipamentos não sejam assaltados.

“Há algum tempo vem acontecendo isso. Os bancários têm tido a necessidade de se precaver. Em Andaraí, na Chapada Diamantina, tem funcionário que não dorme dois dias seguidos na mesma casa,  para evitar ações de sequestro. É para se ter ideia da paranoia que se estabeleceu”, comenta. Fagundes ressalta que, em diversos casos, os bancários pedem para ser transferidos.

“A gente entra em contato com a direção das instituições e, às vezes, conseguimos transferências”, diz. Ele critica as determinações de algumas agências na Bahia para que funcionários transportem dinheiro de uma unidade para outra.

“Limitam o valor a R$ 10 mil, R$ 20 mil, mas o bancário dá cinco viagens por semana, por exemplo. Quem tem que fazer esse transporte  é a empresa de segurança e não o funcionário”, destaca. Ele cita ainda o caso do gerente do Banco do Brasil de Caetité, a 757 km de Salvador, que ficou com explosivos amarrados ao corpo por dez horas, no final do mês passado.

“É uma situação muito preocupante. Tem gente que não quer ir para o interior por causa do alto risco. Quando acontecem situações como essas, muitas vezes ficam sequelas pro resto da vida”, pontua.

Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou, em nota, que a segurança dos funcionários “é uma preocupação central dos bancos associados” e que tem investido cada vez mais em segurança física.

Além disso, a nota destaca que os assaltos diminuíram 83% entre 2000 e 2012 no Brasil, caindo de 1.903 para 322 e que, por meio da Comissão de Segurança Bancária, “várias iniciativas de caráter preventivo são e foram adotadas”. (Informações do Correio).

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