terça-feira, 28 de outubro de 2014
Enfraquecida, Marina se dedicará à reestruturação da Rede para voltar em 2018
Terceira colocada na campanha presidencial deste ano, a ex-senadora Marina Silva pretende retomar sua militância ambiental a partir do ano que vem. Essa é a previsão da própria candidata, que também vai dividir seu tempo com palestras e, principalmente, juntando os cacos da Rede Sustentabilidade, sua legenda à beira de ser legalizada. Distante do Palácio do Planalto mesmo se Aécio vencesse, Marina agora terá quatro anos para reestruturar seu partido e se cacifar para as eleições de 2018. Desgastada após amargar o terceiro lugar depois de ter estado dez pontos percentuais à frente da presidente Dilma Rousseff (PT) em simulações de segundo turno, Marina votou no domingo repetindo seu bordão de que "perdeu ganhando". "Agora eu volto para a minha militância socioambiental de cabeça erguida. Nessas eleições, além da maravilhosa votação que o Acre me deu, o Brasil me deu 22 milhões de votos, saímos maiores do que em 2010. Mais uma vez, não foi possível ganhar ganhando, mas perdemos ganhando, mantivemos os princípios." Aliados próximos à ex-candidata afirmam que Marina não participaria nem de um eventual governo tucano, já que suas pretensões ainda é chegar à Presidência com seu discurso de por fim à polarização de PT e PSDB. O que esses mesmos aliados não imaginavam é que ela terá trabalho dobrado para colocar de pé seu partido político."A gente não está se falando", lamentou Célio Turino à reportagem, um dos 40 dentre os 100 membros da direção nacional da Rede que divulgaram um manifesto contra o apoio explícito a Aécio no segundo turno. Marina deu de ombros e se engajou na campanha, participando até do horário eleitoral gratuito do candidato do PSDB. "A Rede vai ter de se reavaliar depois das eleições porque, quando houve esse apoio explicito ao Aécio, quem era mais progressista e identificado com a gênese da Rede se desiludiu." Além do repúdio de quase metade da direção nacional, sete dos 12 membros do diretório paulista – o mais estruturado do País – deixaram o partido. A desidratação da legenda também vem ocorrendo em outros Estados porque, segundo Turino, "a proposta da Rede pressupunha uma alternativa, e não reforçar uma candidatura pela negação de outra". Coordenador de sua campanha presidencial, Walter Feldman (PSB) admite o "grande trabalho" que ela terá para reunir as bases. "Queremos que a Rede seja um novo modelo de partido, que resgate a ética e um sistema partidário menos fisiológico", afirmou. Depois de recolocar o partido de pé, Marina pretende liderar o estabelecimento de um programa que traga unidade à sigla. A expectativa é de que o partido finalmente saia do papel no ano que vem, tempo suficiente para prepará-lo para as eleições municipais de 2016. Os favoritos para a disputa serão os mesmos que se candidataram para as assembleias legislativas e até para o Senado por outras legendas, como Heloísa Helena. Marina também se dedicará as suas palestras, pelas quais recebeu R$ 1,6 milhão entre 2011 e 2014. Além de meio ambiente, Marina costuma discursar sobre a "nova política" que pregou durante a campanha deste ano. Ela não revela os nomes de seus clientes por uma questão contratual, mas fazem parte de sua carteira grandes bancos, multinacionais e seguradoras, segundo revelou o jornal Folha de S.Paulo. Embora vote no Acre, sua terra natal e onde tem seu eleitorado mais fiel, Marina vai continuar morando em Brasília. Cientista político da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Waldir Campinelli acredita que o trabalho de Marina será duro a partir desta segunda-feira (27). "Acho muito difícil que ela tenha a mesma força em 2018 porque saiu da campanha deixando a impressão de que titubeia, quando é preferível errar tendo alguma posição", disse. "Ela demorou até para apoiar o Aécio e jogou fora boa parte do cabedal que tinha.”
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