quinta-feira, 26 de junho de 2014

Petrobras pode ter de antecipar produção

Funcionários da Petrobras em uma plataforma de petróleo em construção na bacia de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro
Foto: Dado Galdieri/Bloomberg
A aposta de especialistas é de que a Petrobras irá antecipar a produção de áreas no pré-sal e no pós-sal para exportar petróleo e, assim, tentar gerar receitas adicionais nos próximos anos. A medida seria uma solução à necessidade de conseguir recursos e arcar com os R$ 15 bilhões que deverá pagar por quatro áreas no pré-sal de Santos - Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi -, além do total que será necessário para a instalação de plataformas e infraestrutura logística de escoamento da produção.
"Não existe outra saída", avaliou Pedro Galdi, da Corretora SLW, já que, em sua opinião, um aumento de capital seria mal recebido pelos acionistas e teria repercussões negativas no mercado financeiro.
No curto prazo, disse Galdi, o pagamento de R$ 2 bilhões neste ano como bônus de assinatura terá pouco efeito sobre o endividamento da empresa. "A Petrobras tem geração de caixa e vai ter mais. Daria para pagar pelas áreas, mas o momento não é favorável", disse Galdi, referindo-se aos R$ 10 bilhões que a companhia registrou em caixa no primeiro trimestre deste ano, livres para serem gastos.
A grande preocupação é com o endividamento no médio prazo, também por causa do plano de investimento de US$ 220,6 bilhões, com o qual a estatal está comprometida até 2018, avalia.
Levantamento realizado em relatórios financeiros de grandes petroleiras e reunidos pela colombiana Ecopetrol aponta que a relação da dívida total da Petrobras comparada à geração de caixa é muito maior do que a de outras companhias. No caso da norte-americana Exxon, por exemplo, a relação é de 0,4 vez; da Shell, de 0,9 vez; enquanto a da Petrobras é de 4,1 vezes. A medida calcula a capacidade de pagamento da dívida - a Petrobras precisa gastar 4,1 vezes seu caixa se quiser pagar toda a dívida de uma vez.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ressaltou ainda que o aumento dos preços dos combustíveis, uma das opções levantadas pela presidente da estatal, Graça Foster, para financiar os investimentos não seria suficiente. Pelas suas contas, para isso, o governo deveria reajustar a gasolina em 30%. "Toda petroleira estatal utiliza os preços dos combustíveis como instrumento de política e a exportação de petróleo como fonte de lucro", afirmou.
Graça anunciou nesta quarta-feira, 25, que a petroleira pretende aproveitar as condições favoráveis do barril do petróleo e do câmbio, o que, segundo Pires, reforça a hipótese de que a estatal tem interesse em atuar mais no mercado internacional.
Neste ano, a Petrobras já conseguiu ampliar a venda de petróleo ao mercado externo em 20,1% de janeiro a abril, comparado a igual período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nos primeiro quatro meses deste ano, foram exportados 43,17 milhões de barris. Mas o desempenho das exportações vem perdendo ritmo a cada ano desde 2011, na mesma proporção em que a produção também vem diminuindo. Foram 230,5 milhões de barris em 2010, ante 139 milhões de barris no ano passado.

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