sábado, 28 de abril de 2012

Com medo de ser preso, Cavendish negocia a Delta


DESMORALIZADO E PRESTES A SER DECLARADO INIDÔNEO, FERNANDO CAVENDISH TENTA AGORA EVITAR A PRISÃO E TRANSFERIR SEUS CONTRATOS; PRÓXIMA ETAPA DA AÇÃO DA PF PODE SER A OPERAÇÃO PEDRA BONITA, CONTRA DELTA; SUSPEITA-SE ATÉ DE ESCUTA AMBIENTAL NO SEU ESCRITÓRIO; ELE VAI SE EXILAR EM PARIS?

Com medo de ser preso, Cavendish negocia a Delta
O empresário Fernando Cavendish, dono da quinta maior empreiteira do País, com mais de 30 mil empregados, chegou ao fim da linha. Ele está prestes a quebrar e corre sério risco de ser preso. Seu advogado, José Luiz de Oliveira Lima, já fez pedido de habeas corpus preventivo. Em outra ação preventiva, ele entregou voluntariamente documentos à CPI e se afastou do comando do conselho de administração da empresa.
O pânico maior de Cavendish está relacionado à possibilidade de prisão – e não da falência que parece ser inevitável. Ontem, o ex-diretor da Polícia Federal, Marcelo Itagiba, divulgou em seu Twitter que a próxima fase da Operação Monte Carlo será ainda mais explosiva. Trata-se da Operação Pedra Bonita, que será realizada no Rio de Janeiro e terá como foco a Delta. Ações da PF, em geral, vão se desdobrando em outras. Depois da Monte Carlo, em fevereiro, veio a Saint-Michel, que, na semana passada, prendeu dois diretores da Delta – entre eles, Claudio Abreu, que era interlocutor frequente do bicheiro Cachoeira.
A terceira etapa, a Pedra Bonita, pode ser devastadora. Na coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini, informa-se que a PF implantou até escutas ambientais no escritório de Cavendish. O empreiteiro nunca mediu as palavras. Numa conversa gravada, ele disse que, colocando R$ 30 milhões nas mãos de um político, consegue “coisa pra c...”. Ontem, o blog do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) divulgou fotos em que Cavendish se esbalda em Paris na companhia da cúpula do governo do Rio de Janeiro.
Inidoneidade
Na semana passada, o governo federal começou a agir para que a Delta seja declarada uma empresa inidônea, a exemplo do que já ocorreu com outra construtora, a Gautama. A ministra Miriam Belchior, do Planejamento, afirmou que se a Delta quebrar, o problema será da empreiteira, não do governo. Ou seja: não há mais o receio de que a maior recebedora de recursos do PAC, com mais de R$ 884 milhões no ano passado, interrompa suas atividades. A tendência é que seus contratos sejam transferidos para outras empreiteiras.
Neste sábado, o jornalista Ancelmo Góes, colunista do jornal O Globo, informa que Cavendish decidiu vender a Delta. A empresa, no entanto, se tornou “leprosa”, como o próprio Cavendish definiu. A tendência é que ele consiga apenas repassar contratos a terceiros.

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