O município de Bom Jesus da Lapa, localizado na região sudoeste da Bahia, a aproximadamente 800 quilômetros da capital do estado, é conhecido como “a capital baiana da fé”. O título se deve ao fato de o local receber, todos os anos, romeiros de todo o país para a romaria do Senhor Bom Jesus da Lapa, que está entre as três maiores do Brasil - junto com
a de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, São Paulo, e do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, Ceará.No dia da festa, em 6 de agosto, e na semana que a antecede, dados da prefeitura municipal indicam que o município, que tem população aproximada de 63.480 habitantes - segundo o censo realizado pelo IBGE em 2010 -, recebe cerca de 400 mil romeiros. Durante todo o ano, estima-se que Bom Jesus da Lapa receba cerca de 1,5 milhão de visitantes, tendo outro pico de visitação em setembro, quando acontece a romaria de Nossa Senhora da Soledade, cuja festa é celebrada no dia 15.
As celebrações religiosas destas romarias têm como cenário o Santuário do Bom Jesus da Lapa, que fica dentro do Morro do Bom Jesus, com 90 metros de altura e com todas as suas grutas. Algumas missas acontecem na gruta do Bom Jesus e outras na gruta de Nossa Senhora da Soledade. Os nomes são devidos às principais imagens que estão expostas em cada uma delas. Em 2009, o Morro foi escolhido, em uma eleição popular online (pelo site www.7maravilhasbrasil.com.br), como uma das sete maravilhas do Brasil.
“Nós viemos de muito longe, percorremos mais de dois mil quilômetros, para ver de perto toda essa manifestação de fé. Sempre ouvimos falar e queríamos conferir, e é melhor do que imaginávamos. Muito emocionante”, diz Rosana Marques, que viajou, em julho deste ano, junto com o marido Cláudio Marques e mais cinco familiares da cidade de Caçador, em Santa Catarina, que fica a cerca de 2.200 quilômetros de Bom Jesus da Lapa.
“Esta igreja chama a atenção e chega a fazer arrepiar quando se entra nela. Tem uma energia muito boa, mas acho que se destaca também porque foi literalmente construída por Deus e não pelas mãos dos homens, que apenas adaptaram o local. As pedras, o espaço, já estava tudo ali. Vale muito a pena vir conhecer. Acho que vamos nos lembrar para sempre dessa viagem”, diz o marido de Rosana, Cláudio Marques.
Durante o mês de julho, o movimento já começa a aumentar, tornando a cidade bem diferente com relação ao primeiro semestre. No dia 6 de julho deste ano, aconteceu a 37ª Romaria da Terra e das Águas, que contou com a presença de cerca de 6 mil pessoas de outros municípios da Bahia, de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso e Paraná.
O movimento em torno da fé em Bom Jesus da Lapa iniciou muito antes de o município receber esse nome e até de ser um município. Tudo começou em 1681, quando um português chamado Francisco Mendonça Mar chegou ao local, trazendo uma imagem do Bom Jesus e, ao entrar na gruta, imaginou que seria o local ideal para servir de altar para a imagem que vinha trazendo, a pé, desde Salvador.
O português, considerado o primeiro peregrino do Bom Jesus, começou a realizar suas orações e ações solidárias no local e a fama daquela “igreja natural” começou a atrair a população local e os viajantes que ali paravam para descansar, um ponto estratégico para quem viajava pelo rio São Francisco. Alguns anos depois, em 1706, a Igreja Católica o ordenou como padre, e ele passou a ser chamado de Francisco da Soledade. A partir de então, o movimento de visitações à gruta não parou mais de crescer.
O Museu do Santuário Memorial Padre Lucas Kocik, inaugurado em 2012, na rua Miguel Calmon, no Centro, reúne documentos e objetos históricos que ajudam a contar grande parte da história, não só do Santuário e do primeiro peregrino, como de todo o município de Bom Jesus da Lapa, além de ser uma atração turística e cultural.
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