segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Livro de escritor cubano desmitifica Fidel, ‘o tirano mais amado do mundo’


Em "Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo", Fontova mira também em quem não se cansa de elogiar Castro, como jornais, artistas e políticos
Em “Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo”, Fontova mira também em quem não se cansa de elogiar Castro, como jornais, artistas e políticos
“Na escuridão, antes do amanhecer de 13 de julho de 1994, 74 cubanos desesperados – jovens e velhos, homens e mulheres – embarcaram escondidos em um decrépito mas confiável rebocador no porto de Havana e partiram para os Estados Unidos – e para a liberdade.”
Dessas 74 pessoas em busca de uma nova vida, somente 31 sobreviveram para contar a verdadeira história daquele dia. Antes que pudessem avistar a salvação, o barco foi interceptado e afundado pela polícia de Fidel Castro. E para os 43 cubanos que se perderam no mar, não houve uma matéria comovente noNew York Times nem mesmo um memorial em Havana. Para esses 43 cubanos só restou o título de covardes.
Publicado pela editora LeYa, “Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo”, do cientista político cubano-americano Humberto Fontova, narra a verdadeira história da Revolução Cubana e de seu líder, Fidel Castro, através de depoimentos e relatos de pessoas que sobreviveram à revolução. Um manifesto que explica como e por que os Estados Unidos criaram o mito Fidel Castro, que até hoje é símbolo da luta pela igualdade e da defesa dos direitos humanos.
Por que se aplaude os atos de um homem que matou mais que os grandes ditadores da história recente da América Latina? “Pergunte para Maria Garcia o quanto Fidel mudou sua vida naquele 13 de julho, quando ela viu seu filho de 10 anos ser engolido pelo mar. Ou então Bonnie Anderson, que teve que olhar nos olhos de Fidel e encarar seu sorriso malicioso ao perguntar sobre a sua família – que ele destruiu ao enviar seu pai para o fuzilamento. E seu antigo colega de escola Ramon Mestre que por um crime hediondo – cobrar uma divida de Fidel durante o ensino médio – foi condenado a passar 20 anos como preso político”, sugere Humberto Fontova.
Fidel Fernandes Castro ficou conhecido em todo o mundo após expulsar o ditador Fulgêncio Batista de Cuba. Apoiado pelos Estados Unidos, Fidel derrubou o governo com o propósito de implantar o socialismo e a igualdade em Cuba, livrando a pequena ilha da destruição ambiciosa de Batista. Poucos cubanos sabiam, porém, que ele se tornaria um ditador ainda mais cruel que Batista.
O livro desfaz mitos frequentemente repetidos sobre Cuba, como a ideia de que o comunismo provocou “inegáveis avanços na saúde e na educação” e de que os problemas econômicos da ilha são resultado do bloqueio imposto pelos Estados Unidos.
Fidel ensinou ao mundo que a realidade não importa. Assassine, empobreça e tiranize o povo de um país por conta e risco, mas proclame-se um comunista que as pessoas de esquerda pelo mundo afora vão amar você. (Humberto Fontova)
Fontova mostra que Cuba – que já foi a 11ª nação com o maior padrão de vida do mundo – tem hoje uma realidade pior do que a do Haiti. Os cubanos vivem sob o domínio total do governo, sem direito a propriedades, ao simples direito de ir e vir, ao consumo livre e a liberdade de expressão. “Hoje mais de 20% da população de Cuba está nos Estados Unidos e os outros 80% – excluindo é claro os privilegiados membros de La Revolución – sonha em fugir de lá”, afirma Fontova.
Para o autor, Fidel destruiu a economia do país, tornando o país dependente financeiro das grandes potencias e um fiel escudeiro do narcotráfico internacional.
Desde o paredón de La Cabaña, a principal prisão política da ilha, Cuba já teve mais de 500 mil presos políticos. Nos três primeiros meses da Revolução foram registrados mais de 500 fuzilamentos. De acordo com Fidel, no entanto, não existem desaparecidos políticos em Cuba, e ai de quem disser o contrário.
Por que os Estados Unidos, a ONU, as celebridades politicamente corretas e os engajados sociais pelo mundo defendem esse homem como um grande governante? Essa é a grande pergunta de Humberto Fontova em seu livro. É possível condenar ditadores como Augusto Pinochet e Adolph Hitler e passar a mão na cabeça de um homicida como Fidel Castro? Quem clama pelos direitos civis dos cubanos aprisionados em Cuba?
“Fidel – o tirano mais amado do mundo” aponta o porquê desse favoritismo por Fidel e alerta para o perigo de usar a ideologia para mascarar ditaduras.
“Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo”
Autor: Humberto Fontova
Editora: LeYa
Páginas: 352
Abaixo, leia um trecho do livro que conta o massacre de fugitivos de Cuba:
Na escuridão, antes do amanhecer de 13 de julho de 1994, 74 cubanos desesperados – jovens e velhos, homens e mulheres – embarcaram escondidos em um decrépito mas confiável rebocador no porto de Havana e partiram para os Estados Unidos – e para a liberdade. O nome do barco era 13 de Março, denominação que permanecerá infame para todos os cubano-americanos – e para todos os amantes da liberdade e da decência.
O vento uivava naquela noite feia. Fora do porto, na penumbra, um mar agitado aguardava. Mas essas pessoas desesperadas não podiam se dar ao luxo de cancelar ou adiar a viagem. Planejar a fuga havia levado meses. A polícia infiltrada de Fidel e seus diversos delatores não tinham percebido o plano.
O pesado veículo deixou o porto. Ondas de um metro e meio começaram a espancar o rebocador. Mães, irmãs e tias silenciavam as crianças apavoradas, algumas com apenas um ano de idade. Voltar estava fora de questão.
Com o 13 de Março já tendo avançado alguns quilômetros no mar turbulento, Maria Garcia, uma mulher de 30 anos, sentiu algo puxando sua manga. Olhou para baixo; era o filho de 10 anos, Juan. “Mamãe, olhe!”, ele apontou para trás deles, na direção da costa. “O que são aquelas luzes?”
“Parece um barco nos seguindo, filho”, ela gaguejou enquanto alisava o cabelo do menino. “Fique calmo, mi hijo. Tente dormir. Quando você acordar, estaremos com seus primos em um país livre. Não se preocupe.”
O pequeno Juan não foi o único a ver as luzes. Outros ficaram em pé na popa do barco apontando e franzindo as sobrancelhas. Logo, mais dois grupos de luzes apareceram.
“Mamãe! Tem mais!”, Juan ofegou. “E elas estão chegando mais perto! Olhe!” O garoto continuava puxando a manga da mãe.
“Não se preocupe, filho”, ela gaguejou novamente. Na verdade, Maria suspeitava que as luzes pertencessem à patrulha de Fidel, que vinha interceptá-los.
E elas se aproximavam rápido. Logo haviam alcançado o pesado rebocador.
Eram de fato barcos da patrulha de Fidel – barcos de bombeiros, tecnicamente, armados com poderosos canhões. Os fugitivos imaginaram que iriam voltar para Cuba, provavelmente para a cadeia.
Mas, em vez disso, bam! O barco de patrulha mais próximo bateu na traseira do rebocador com sua proa de aço – os passageiros foram derrubados no deque como pinos de boliche. Um acidente, certo? Mar difícil e tudo o mais.
“Ei, cuidado! Temos mulheres e crianças a bordo!” Para demonstrar isso, as mulheres levantaram as crianças, que berravam.
Os castristas acharam que elas seriam bons alvos para seus canhões de água. O jato entrou violentamente no rebocador, varreu o deque e derrubou os fugitivos, jogando alguns contra as anteparas e outros para fora do deque, direto nas ondas.
“Mi hijo! Mi hijo!”, Maria gritava enquanto o jato de água batia nela, arrancando-lhe metade das roupas e tirando de seu alcance o braço de Juan. “Juanito! Juanito!” Ela se movia freneticamente, ainda cega pela torrente. Juan havia rodopiado pelo deque e agora se agarrava em desespero ao corrimão do barco, três metros atrás de Maria, enquanto ondas gigantes molhavam suas pernas. “Dios mío!”
Essas pessoas cresceram em Cuba. Então, diferentemente do New York Times, do The Nation, da CNN, da CBS, da NBC, da ABC e de boa parte de Hollywood, nunca confundiram Fidel Castro com São Francisco de Assis. Mas, ainda assim, poderia ser verdade que mulheres e seus filhos estivessem sendo deliberadamente usados como alvos?
Os fugitivos se prendiam a mastros, trilhos, braços, pernas, qualquer coisa para evitar cair. Maria e um tripulante conseguiram agarrar Juan e puxaram a criança soluçante para dentro. O canhão ainda varria o deque, enquanto homens jogavam mulheres e crianças na cabine do rebocador. Logo, os dois outros barcos da patrulha estavam lado a lado.
Um dos barcos de aço se virou bruscamente e bateu no rebocador pelo lado. O outro se chocou pela frente. O de trás bateu de novo. O rebocador estava cercado. Os choques não eram acidentais. Os barcos de Fidel estavam obedecendo ordens.(jornaldamidia)

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