Na tarde desta segunda-feira (26), em entrevista exclusiva e a primeira após ter deixado a prisão, Marco Prisco, líder do movimento grevista que ocorreu entre os dias 31 de janeiro e 9 de fevereiro na Bahia e presidente Associação de Policiais e Bombeiros do Estado (ASPRA) esclareceu as causas: de sua prisão, da sua soltura e outras questões relacionadas à greve da PM.
Marco Prisco informou que foi liberado no dia 23 de março, retornando ao convívio de sua família 44 dias após a greve. Segundo ele, a greve não deixou sequelas, pois a sua luta é por uma segurança pública melhor para o estado e fortalecer a Polícia Militar porque a batalha não foi corporativista, mas para a sociedade “foi justa”, afirmou. Quanto aos benefícios, Marco afirmou que o reajuste foi satisfatório, mas que deveriam ter cumprido a lei no prazo de 2014 e não 2015 e a aprovação das GAP’s era esperada, pois estava atrasada há 15 anos.
O organizador da greve informou que deu entrevistas para mais de 20 emissoras fora do Brasil, como Inglaterra, países americanos entre outros. O motivo da greve ter chegado ao nível que chegou, Prisco atribuiu ao governo baiano, pois estavam sempre dispostos a negociações, explicou que não houve aquartelamento, mas apenas o uso da área externa da assembléia legislativa que é patrimônio público.
O ex-PM disse que não havia um líder, tudo era decidido em coletividade, uma liderança em conjunto realizada por ele. Sobre a importância das gravações realizadas pela TV Globo que culminaram com a sua prisão, ele explicou que não foram fundamentais, que apenas chegou o limite do movimento e que essas gravações foram montadas, as gravações verdadeiras estariam com a justiça. Segundo Marco Prisco, sua prisão foi arbitrária já que foi citado na promotoria com 29 dias quando deveria ser de 10 a 15 e criticou a ordem da justiça permitindo que ficasse sem advogado por 30 dias devido ao sigilo do processo, o que lhe levou a questionar sobre “como o processo é sigiloso se uma rede de TV teve acesso às gravações?”, questionou.
Ao ser indagado sobre as suas falas nas gravações: “Salomão, desse todo mundo para Salvador que a assembléia vai ser invadida pelo exercito”, na sequência Salomão afirma que irá incendiar duas carretas na BR, Prisco explicou que concordou com tropas do interior de ajudar caso o exército ocupasse a assembléia. De acordo com Marco Prisco, o exercito chegou atirando enquanto eles não utilizaram arma alguma, defendeu Salomão explicando que uma afirmação não é a realização de um ato e afirmou que chamou a atenção do colega, dizendo: “Você está maluco, não vamos fazer isso... permanece no quartel pacífica e ordeiramente”.
Em relação ao atos de vandalismo que conquistaram a antipatia de parte da sociedade, Prisco atribuiu à mídia “comprada”, revelando que as ações de vandalismo não ocorreram, que ele é contra a violência. Segundo ele, a ação do exército relembra a ditadura no desrespeito ao direito do cidadão de ir e vir, fechando o acesso ao CAB.
Ele defendeu o sargento Ataíde e Vinícius do Batalhão de Santo Antonio de Jesus, “a prisão deles não tem fundamento, eles não são criminosos, tem residência fixa, a Constituição Federal dá o direito de defesa, são respeitados na cidade”. Informou, ainda, que devem ser soltos nos próximos dias, destacou a competência e importância deles nos trabalhos da PM e parabenizou a moção de apoio da câmara de vereadores aos dois soldados. Quanto aos rumores de exoneração, Marco Prisco informou que a exoneração exige um processo administrativo, mas o estado pode exonerá-los de forma arbitrária, como aconteceu com ele há dez anos e apesar de ganhar na justiça sua reintegração à PM o estado não cumpriu.
Prisco demonstrou chateação e surpresa com a presidenta Dilma ao enviar o exército, já que ela foi no passado presa pela ditadura, participou de assalto e sequestro, "esperava uma negociação por parte do governo", disse. Marco Prisco desmentiu também o boato sobre a intenção de prejudicar o carnaval.
Ao ser questionado sobre arrependimento de algum ato impensado durante a greve, Prisco explicou que não se arrependeu porque estava lutando por justiça baseados em uma lei estadual descumprida pelo governo. Prisco afirmou que toda a corporação ficou descontente com as ações do governador, mas não guarda rancor e explicou que é histórico do PT a realização de greves, "Eles sempre fizeram isso e agora criticam", alegou.
Prisco concluiu afirmando que confia na justiça brasileira e que responderá ao processo de cabeça erguida.
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