quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Médica é detida suspeita de fazer eutanásia em UTI em Curitiba


Médica é suspeita de mortes na UTI do Hospital
Médica é suspeita de mortes na UTI do Hospital
A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba, Paula Christiane Brisola, falou sobre a investigação de mortes ocorridas na UTI do Hospital Evangélico da cidade.
Ela evitou comentar detalhes do inquérito, que segue sob sigilo de Justiça, mas garantiu que os esforços da polícia estão voltados para o levantamento de provas sobre os casos.
A médica Virgínia Soares de Souza, que dirigia o setor de UTI do hospital, foi presa na manhã desta terça-feira (19) em uma operação para investigar uma série de mortes na UTI do segundo maior hospital da cidade. Ela é suspeita da prática de eutanásia, que é a indução à morte com consentimento do paciente, além de maus tratos aos internados.
“O inquérito policial é acobertado por sigilo para resguardo da intimidade das pessoas envolvidas e também para garantia da ordem pública”, afirmou Brisola. A investigação policial começou há cerca de um ano, após denúncias que partiram de funcionários do próprio hospital. “As famílias podem procurar a delegacia para fazer denúncia por telefone, pessoalmente. Nós estamos recebendo denúncias de situações, e inclusive ex-profissionais que atuaram no hospital”, disse ainda a delegada, que começou a ouvir 30 funcionários do Evangélico.
A médica prestou depoimento na tarde desta terça, mas o conteúdo não foi divulgado em virtude do sigilo. Porém, o advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, conversou com o G1 na tarde desta terça-feira. Ele afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito contra a cliente, mas que irá pedir cópias dos procedimentos, inclusive mídias que foram incluídas no processo. Ainda assim, ele classificou a prisão de Souza como “precipitada”.
“Vou entrar com um pedido de revogação dessa prisão precipitada. Ela reside há mais de 20 anos no mesmo endereço, desde 1988 é médica no Evangélico e nunca teve nada contra ela, nenhum registro no Conselho Regional de Medicina. É uma pessoa de bem”, disse o advogado. Assad se disse convicto da inocência da cliente, que, segundo ele, foi vítima de equívoco de companheiros de trabalho que não compreendiam o jargão da medicina intensiva.
“Foram interpretações equivocadas que deram. Por exemplo, quando o médico fala em reduzir os parâmetros do respirador, não quer dizer que vai matar o paciente. Significa que para cada paciente tem um nível que precisa ser modulado. Há uma série de equívocos”, apontou Assad, com referência aos questionamentos feitos durante o depoimento.
Ministério Público
O MP divulgou nota nesta terça, na qual confirmou o cumprimento de mandados de busca e apreensão de prontuários médicos e outros documentos relativos a internações e mortes de pacientes, bem como o mandado de prisão temporária da médica. Ainda na nota, o MP informou que acompanha as investigações criminais e os procedimentos necessários para garantir a continuidade da assistência dos usuários do SUS no Evangélico.
Hospital Evangélico
Também em nota, o Hospital Evangélico afirmou que não possui conhecimento adequado dos fatos em virtude de o inquérito ser sigiloso, mas que instaurou uma sindicância interna para apurar os fatos denunciados. A nota diz ainda que o Hospital reconhece a competência profissional da médica presa, e que desconhece qualquer ato dela que tenha ferido a ética médica.
Sindicância
A Prefeitura de Curitiba instaurou uma sindicância para investigar as mortes no Evangélico. Além do procedimento, que deve contar com auxílio da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, a Prefeitura solicitou também à diretoria do hospital para que haja a substituição da equipe de UTI Geral.
As investigações da sindicância, que deve ocorrer paralelamente à investigação policial, devem ser conduzidas pelo auditor do Ministério da Saúde Mário Lobato da Costa. Uma junta administrativa composta pela Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Regional de Medicina e Sociedade Evangélica Beneficente deve ainda indicar um médico para acompanhar os futuros serviços realizados no Hospital.

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