A Prefeitura de São Paulo lança hoje um plano de proteção aos pedestres. Serão criadas 11 Zonas Máximas de Proteção ao Pedestre, nos pontos da cidade em que mais acontecem atropelamentos, que terão sinalização específica e reforço de agentes de trânsito para garantir que motos e carros respeitem as faixas de pedestres. De acordo com as informações que já foram veiculadas pela imprensa, o objetivo é diminuir as mortes por atropelamento pela metade. Na primeira fase do programa, a prioridade é a educação dos motoristas. Depois, haverá a aplicação de multas aos motoristas que não respeitarem a faixa.
A iniciativa de proteger os pedestres é bem-vinda, mas só mostra o quão atrasada a cidade está no que diz respeito a esse assunto. Atenção aos pedestres não é apenas cuidar para que os carros não parem na faixa em 11 cruzamentos. Isso, na verdade, já deveria vir no pacote de uma cidade com 7 milhões de veículos. Tampouco é apenas uma questão de segurança. Pedestre não é um ente separado do trânsito, um problema a ser resolvido, mas sim uma parte da solução para os problema de mobilidade na cidade.
O que a cidade – qualquer cidade – precisa é de uma política que cuide das calçadas, aumente o espaço de circulação para pedestres, que promova comércios, escolas, postos de saúde locais em todos os bairros, entre outras medidas que podem ajudar a diminuir a necessidade por deslocamentos motorizados. De acordo com a Pesquisa de Origem e Destino realizada pelo Metrô em 2007, 36% dos deslocamentos em São Paulo já acontecem a pé. A análise da renda dos entrevistados mostram, no entanto, que andar a pé não é uma opção atualmente, mas a única maneira de locomoção para quem tem pouca renda. Conforme a renda sobe, o número de viagens a pé cai. Se nada for feito, conforme a renda média dos paulistanos subir, maior será o número de deslocamentos motorizados. Como a renda de 2007 para cá aumentou de fato, é provável que o número de viagens a pé já tenha diminuído.
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