quinta-feira, 31 de julho de 2014

Governo Wagner age contra si a dois meses da eleição

Jaques Wagner
Jaques Wagner
LUÍS AUGUSTO GOMES
É preciso descobrir – e aí está uma boa pauta para o “jornalismo investigativo” dos nossos principais órgãos de imprensa – que motivos estão por trás da obstinação do governo do Estado em abortar a iniciativa da Prefeitura de Salvador de promover uma licitação para reestruturar o transporte coletivo na capital.

Realmente, quanto mais se analisa a questão à luz da obviedade, menos nexo se encontra em atitude dessa natureza, que claramente causará prejuízo eleitoral ao governo. Não se entende o que pretendem ganhar o governo e seus operadores com essa insanidade política, num quadro que lhes é já muito negativo.

A pressão para que o Ministério Público se manifeste sobre o tema, “decidida” por quatro prefeitos da Região Metropolitana e pelo secretário da Administração, é uma evidente determinação do governador Jaques Wagner, que assume pessoalmente o risco pelas consequências, o que não é de seu perfil de articulador e negociador.

O secretário cumpre seu papel de mandado, mas os prefeitos de Lauro de Freitas, Camaçari, Candeias e Simões Filho deveriam demonstrar mais zelo pela autonomia municipal e recusar-se à participação numa jogada que procura obstruir a ação de um colega legitimamente eleito, sem falar no desrespeito à população de Salvador.

Do alto da sua “responsabilidade”, alegam que o transporte coletivo é do “interesse comum” dos 13 municípios da RMS, mas essa conversa fiada não convence ninguém. Se, eventualmente, não cuidam do próprio quintal, deixem que outros o façam. O governo do Estado nada fez pela área em oito anos – e agora toma essa medida absolutamente estranha.

Sabemos que é aconselhável o entendimento entre gestores de municípios vizinhos e mesmo a criação de legislação que balize o desenvolvimento de atividades em que o interesse comum esteja envolvido. Mas será sempre incompreensível que uma cidade como Salvador, a terceira maior do Brasil, não tenha o direito de buscar, dentro dos seus limites territoriais, soluções para demandas de grande monta.

Apontado como homem que decide fria e silenciosamente, o governador – repita-se – foge seu padrão de conduta, inclusive histórica, até sugerindo que acredita firmemente na vitória do seu candidato em outubro, já que não se imaginaria que concebeu todo esse poder da Entidade Metropolitana para municiar adversários.

Por enquanto, porém, a situação eleitoral é francamente favorável à oposição, com candidato Paulo Souto muito à frente de Rui Costa, o que reforça a interrogação que paira sobre essa determinação de impedir que a exploração do transporte por ônibus em Salvador mude de mãos e, sobretudo, que seja prestado serviço de melhor qualidade. (Por Escrito)

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