O efeito colateral dos pedidos de investigação apresentados pelo procurador Rodrigo Janot é o sepultamento de qualquer fio de esperança relacionado ao impeachment da presidente Dilma Rousseff; um pedido de investigação teria que ser aceito pela Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está na lista de Janot; uma votação, passaria pelo Senado, presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL), que também será alvo de um inquérito; além disso, depois que um dos líderes da oposição, senador Aécio Neves (PSDB-MG), pediu cautela, qualquer aventura antidemocrática perderá credibilidade; o impeachment morreu.
247 – A questão é simples e direta: com que moral um Congresso sob suspeita poderá encaminhar eventual pedido de impeachment de uma presidente reeleita com 54 milhões de votos, há menos de três meses?
Sim, este é o efeito colateral dos pedidos de investigação apresentados ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Afinal, estão na lista nada menos que os presidentes das duas casas legislativas: o da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Um eventual pedido de impeachment teria que ser acolhido pela Câmara de Cunha e votado pelo Senado de Renan. Qualquer decisão tomada por um outro nessa direção teria cheiro de retaliação. Além disso, um dos principais líderes da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pediu cautela. Se deve-se ter cautela em relação a Eduardo Cunha e Renan Calheiros, mais ainda em relação à presidente Dilma, que nem sequer foi citada nas investigações.
Já antevendo que a lista de Janot “democratizaria” o foco do escândalo da Petrobras, 247 antecipou, ontem, que os pedidos de investigação ao STF dariam certa trégua ao PT e à presidente Dilma (leia mais aqui).
O impeachment é página virada. O desafio, agora, é reconstruir a base política num ambiente marcado pelo ressentimento e pela desconfiança.
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