O doleiro Alberto Youssef afirmou, em delação premiada à Justiça, em outubro, que o consultor Júlio Camargo — que já admitiu ter intermediado propina no esquema da Petrobras — tinha uma relação “muito boa” com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. De acordo com Youssef, Dirceu usava o jatinho do consultor com frequência. Na contabilidade de Camargo o nome de Dirceu aparecia como “Bob”.
“Julio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José Dirceu e Antonio Palocci”, diz parte do trecho da delação premiada de Youssef à Polícia Federal, segundo informa nesta quinta-feira (12) o jornal O Globo.
De acordo com o doleiro, o responsável pela contabilidade de Júlio Camargo, Franco Clemente Pinto, carregava sempre nas reuniões um pendrive com toda a movimentação financeira do consultor, apontado pela força tarefa da Operação Lava-Jato como o responsável pelo pagamento de propina da Camargo Corrêa e da Toyo Setal;
“Franco é homem de confiança de Júlio Camargo e o responsável pela contabilidade de pagamentos ilícitos a título de propina e caixa 2″, diz o depoimento.
No dia 22 de janeiro deste ano, o “Jornal Nacional”, da TV Globo, informou que a Justiça quebrou o sigilo fiscal e bancário da JD Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu. Documentos obtidos nas investigação da operação Lava-Jato revelam que a JD recebeu quase R$ 4 milhões de empreiteiras denunciadas no esquema de corrupção na Petrobras. Segundo o “Jornal Nacional”, a empresa recebeu recursos da Galvão Engenharia, da OAS e da UTC, cujos executivos estão presos em Curitiba.
A empresa que Dirceu tem juntamente com seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, recebeu R$ 720 mil da OAS, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. Também ganhou R$ 725 mil da Galvão Engenharia entre 2009 e 2011 e mais R$ 2,3 milhões da UTC, nos anos de 2012 e 2013. Os procuradores chegaram à empresa de Dirceu ao analisar documentos da Receita que mostraram transferências bancarias das três construtoras.
Dirceu foi preso em 15 de novembro de 2013, após o julgamento do mensalão, que comprovou esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional. Ele ficou em regime fechado até novembro de 2014, quando passou a cumprir o regime semiaberto. (André Coelho, jornal O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário