quinta-feira, 9 de maio de 2013

Aluna da Uesb diz que foi obrigada a pôr pênis de boi na boca em trote


Uma estudante de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste (Uesb) denunciou ao Ministério Público um ato proibido na universidade. Segundo a aluna de 22 anos, ela foi obrigada a pôr na boca testículos e pênis de boi durante um trote no campus de Vitória da Conquista. O caso ocorreu na última sexta-feira (4).
De acordo com o depoimento, a estudante estava na segunda semana de aula do 1º semestre quando foi pressionada a participar do trote pelos colegas. Os veteranos teriam dito que se ela não participasse, seria pior. A aluna aceitou, mas disse que era “alérgica a tudo”. Durante a brincadeira, a estudante, que prefere não ter sua identidade revelada, e outros colegas calouros foram colocados para andar de “elefantinho” (de mãos dadas uns com os outros e com as mãos passando por debaixo das pernas) e depois tiveram de pôr na boca testículos e pênis de boi.

Aplicavam o trote alunos do 3º e do 4º semestre de Agronomia, que teriam dito que aquele órgão “não era de verdade”. A estudante, no entanto, desconfia que o membro estivesse coberto com sêmen humano. Para finalizar a “brincadeira”, a garota conta que os veteranos prepararam um líquido conhecido como “mata bicheira” – produto usado em bovinos, e urina de animal – obrigando os calouros a fazer bochecho com o produto. Logo depois, a estudante começou a ter reações alérgicas e chegou a desmaiar, tendo sido levada para a enfermaria da universidade.

Em nota, a Uesb informa que “ao infrator da Resolução 07/2008, serão aplicadas sanções disciplinares. As medidas administrativas vão desde a suspensão por 100 dias letivos ao desligamento dos quadros da Universidade, caso haja violência ou utilização de qualquer meio ou produto que cause ou possa causar danos pessoais, psicológicos, lesões corporais, entre outros. Além das penalidades previstas pela Resolução, o infrator será denunciado ao Ministério Público para responder criminalmente pelos atos cometidos”.

A Comissão de Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também acompanha o caso. A promotora Carla Medeiros, que ouviu o depoimento da estudante, qualificou o trote como “muito violento, podendo configurar lesão corporal”. A advogada Michelly Leão afirma ocorrer no caso “lesão corporal, estupro por ato diverso de conjunção carnal e tentativa de homicídio doloso, por dolo eventual, porque sabiam que ela tinha alergia e a colocaram para bochechar com mata bicheira”. Ainda segundo a advogada, a Uesb pode responder por “omissão de socorro, pois eles não souberam lidar com a situação”.

Desde setembro de 2008 os trotes são proibidos na Uesb. A Polícia Civil da Bahia investigará o caso.

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