quarta-feira, 20 de março de 2013

Waldir acha que trazer empresa de fora para o ferry é ”solução de descrédito”


Ao assumir o governo em 1987, Waldir Pires não encontrou mais os dois ferries cedidos por ACM ao Maranhão. A demanda do sistema era grande, quase o dobro da de hoje, mas o governo não precisou correr atrás de empresas de fora da Bahia para assumir o ferryboat como se faz hoje. A solução foi ampliar os dois navios e criar o sistema de venda de passagens com hora marcada. E o dinheiro que Sarney prometeu… Este nunca chegou à Bahia.
REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O ex-governador Waldir Pires confirmou nesta terça-feira (19) todas as informações publicadas peloJORNAL DA MÍDIA na última sexta-feira, na matéria “Internacional Marítima é parte da malvadeza de ACM contra Waldir”.  Em entrevista exclusiva ao JM, ele relembrou todos os fatos como se fossem hoje, inclusive a transferência dos ferries “Monte Serrat” e “Vera Cruz” para o Maranhão.
“Tudo verdade. Antes mesmo de assumirmos o governo, em 15 de março de 1987, já tinham levado os dois navios. Foi coisa de Antonio Carlos Magalhães com Sarney. Na época, os dois boicotaram a Bahia como puderam. Não tínhamos recursos para nada e levaram até os dois navios para prejudicar o governo e o povo”, sustentou Waldir.
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Ao assumir o governo, Waldir recebeu a promessa de Sarney de que o Estado teria financiamento do BNDES para comprar dois navios. Dinheiro que nunca chegou por aqui. O Senado, depois que o governo baiano saiu para o mercado e encontrou as embarcações no exterior, recebeu ordens para “enterrar” a liberação do dinheiro definitivamente.
“Pedimos os navios de volta, mas eles não liberaram. O Estado não tinha recursos para investir em embarcações e tivemos que apelar para a criatividade. Primeiro, soerguemos a Companhia de Navegação Bahiana, que era um verdadeiro cabide de emprego deixado por eles (João Durval). Tinha gente na folha sem nunca ter trabalhado. Depois, com o próprio pessoal da casa, foram ampliados dois navios e implantado o sistema de hora marcada. A partir daí a coisa começou a funcionar”, lembrou Waldir.
Depois de passar um período de seis meses de conturbada gestão, com várias correntes políticas disputando espaços na velha CNB (Abigail Feitosa, Leonelli, Pedral Sampaio, etc), Waldir convidou para comandar a estatal o empresário Wilson Andrade, recém saído da presidência da Associação Comercial da Bahia. Wilson tinha fama de recuperar empresas falidas. Tinha carta branca e recebeu a missão de soerguer o sistema ferryboat.
Portanto, não fez Waldir como o seu companheiro Jaques Wagner que foi ao Maranhão, de cuia na mão, trazer uma empresa para gerir o ferry como se na Bahia ninguém entendesse de navegação e de transporte marítimo. A Internacional Marítima, vale lembrar, é uma empresa que nasceu em 1988, justamente quando recebeu de presente os dois navios tirados da Bahia pela dupla Sarney-ACM. E também não fez Waldir como Paulo Souto, que trouxe como “solução” para o ferry as horríveis Comab e TWB.
“A situação do ferryboat era complicadíssima em 1988. Os navios precisavam ser reformados, faltava dinheiro. E as coisas foram sendo feitas pelo próprio pessoal da casa. Quando os dois ferries tiveram a capacidade ampliada (Juracy Magalhães e Agenor Gordilho) a situação melhorou. Depois veio o Hora Marcada, a oferta de horários passou a ser maior”.
Quando perguntado porque as últimas gestões do governo estadual sempre recorrem a empresas de fora para assumir o sistema ferryboat, Waldir respondeu:
“Por que essa solução de descrédito? Por que não se valorizar a nossa gente?”.

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