terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Jorge Solla flagra ausência de médicos plantonistas no Hospital Geral Clériston Andrade


Diretor do HGCA tenta explicar à Solla porquê quase 50% dos médicos estavam ausentes durante sua visita, feita de surpresa
Durante uma fiscalização no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana (a 108 km de Salvador), o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, constatou a ausência de metade dos médicos escalados para o plantão. O HGCA é a maior unidade hospitalar do interior da Bahia.
A unidade atende, em média, 300 pessoas por dia e é a referência hospitalar para  100 municípios. O conjunto deles reúne uma população estimada em quatro milhões de pessoas. A operação no HGCA  continua até domingo. Na manhã desta segunda-feira, 14, 49,1% dos médicos escalados faltaram. À  tarde a ausência foi de 44,4% dos profissionais plantonistas. A visita do secretário faz parte de uma ação realizada pela Sesab  em parceria com a Secretaria de Administração da Bahia (Saeb) e Procuradoria-Geral do Estado. O objetivo é verificar o cumprimento de plantões e escalas nas unidades de saúde.
Apuração
De acordo com o secretário, as faltas serão apuradas e os médicos poderão receber punições que vão de desconto salarial até sindicância para investigar os motivos da ausência para trabalhar. Solla afirmou  que, a partir do próximo mês, as 53 unidades administradas diretamente pela Sesab – hospitais, centros de referência e pronto-atendimentos-  contarão com pontos digitais. Os  profissionais vão utilizar crachás para registrar presença. ”É uma ação que visa coibir o absenteísmo, não apenas de médicos, mas de todos os profissionais”, reiterou.
O presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, afirmou  que 80% dos médicos do HGCA trabalham em condições precárias. ”Eu não concordo com o trabalhador que não cumpre sua obrigação, mas a secretaria tem que dar um tratamento melhor ao médico”.
Além disso, Magalhães afirma que muitos dos médicos são contratados pela Sesab na modalidade Pessoa Jurídica (PJ). O modelo exige que o profissional crie uma empresa para ser admitido. ”Como ele não é  efetivo da rede, a secretaria atrasa o salário. Alguns médicos passam três meses sem receber salário”, acusou.
De acordo com Solla, não há atrasos de salário. “Os médicos efetivos recebem no final do mês e os da modalidade PJ recebem no mês subsequente porque o pagamento deles é baseado nas informações de produção, que são processadas no mês seguinte”, explicou o secretário.
Membro do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Otávio Marambaia afirma que os médicos têm obrigação ética de comparecer ao plantão em horário preestabelecido. ”O Cremeb não apoia esta prática, embora reconheça que as condições de trabalho dos médicos são as mais precárias possíveis”, disse.

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