O clima de insegurança impede os moradores do condomínio Pedro Fontes, em Itabuna, de dizer que finalmente têm um “lar, doce lar”. No conjunto de prédios situado nas imediações do semi-anel rodoviário que liga a rodovia Ilhéus-Itabuna à BR 101, o tráfico dita as regras e impõe o medo. Como em todos os locais onde a droga determina o ritmo, a violência também chegou ao Pedro Fontes. Neste ano, já foram dois homicídios.
Este núcleo residencial do programa “Minha Casa, Minha Vida” aparece em propaganda do Governo do Estado (que, diga-se de passagem, não colocou um tijolo na obra), vendendo uma falsa imagem de realização, alegria e da prosperidade do “andar de baixo”. Tal imagem destoa da verdade porque as famílias retiradas das favelas não vivenciam uma melhora efetiva de sua condição humana.
Há outras notícias vindas do Pedro Fontes que indicam não haver ali senão uma favela verticalizada. Moradores que recebem botijões de gás os vendem, não raro para comprar droga. E cozinham em pequenas fogueiras acesas no chão dos apartamentos! Outros se desfazem dos vasos sanitários por considerá-los um equipamento supérfluo. Estão acostumados a fazer suas necessidades em qualquer buraco.
Num lugar como esse, a violência é apenas mais um componente de uma história em que não houve evolução, apenas alteração de cenário. E mudança real haverá somente quando os governos compreenderem que o melhor investimento, o mais efetivo e transformador, é aquele que tem como objetivo o ser humano e não meramente o bem material. Por isso, é necessário investir de maneira séria, intensa e sistemática em educação, cultura, qualificação.
É preciso construir valores antes mesmo de se pensar em erguer prédios. Há urgência, antes de mais nada, de se apostar na velha máxima de que é muito mais importante o “ser” do que o “ter”.(cena bahiana)
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