domingo, 5 de agosto de 2012

GABY E SARAH, ESPORTE E A VONTADE


Sarah Menezes, ouro no judô.
Quem tiver algum tempo para perder num domingo, sapeie a história de Gabby Douglas, a ginasta americana de 16 anos que arrastou as medalhas de ouro da ginástica feminina.
Atrás daquele sorriso de Michelle Obama há a história emocionante de uma menina que saiu de casa na Virginia aos 14 anos e foi morar com uma família do Iowa para poder treinar com o técnico chinês Liang Chow.
Quem viu Karatê Kid ou Karatê Girl emocionou-se com ficção. Gabby fez melhor, na vida real, sem violência. Ela foi a primeira negra a levar para casa o ouro da ginástica e a primeira americana a ganhar nas provas individual e de equipe.
Gabby Douglas também fez história.
Com três irmãs criadas por uma mãe divorciada, sua vontade de ferro levou-a para um fim de mundo, onde foi recebida pela família de um pequeno empresário onde já havia quatro crianças. A mãe e a protetora de Gabby torceram juntas em Londres, uma negra, outra loura como uma ginasta russa. Quando embarcou, seu único patrocinador era Procter & Gamble. Agora terá quantos quiser.
Enquanto as ginastas de Estados fortes (Rússia, China e Romênia) são amparadas e controladas por máquinas que buscam propaganda para os governos, Gabby saiu da tessitura da sociedade: vontade, independência e sentido de comunidade. Isso para não se falar da religiosidade da menina.
A marca dessa sociedade está também na história do técnico Liang Chow. Ele foi um premiado ginasta na China e em 1990 aceitou uma bolsa para estudar inglês e trabalhar como instrutor na Universidade do Iowa.
Abriu o Instituto Chow de Dança e Ginástica em Des Moines (menor que Teresina) e tem três ginastas na equipe nacional de juniors.
Para atrair clientela, oferece festas de aniversário com uma hora de exercícios e 30 minutos de cantoria e brincadeiras. As famílias levam os doces.
Exemplos como esses ensinam que o Brasil vai melhor do que se pensa. Sarah Menezes, que levou o ouro no judô, tem o mesmo jeitão de Gabby. Começou treinando no Sesc Ilhotas, com Expedito Falcão. Ele hoje tem sua própria academia.
Há lotes de cartolas do comissariado esportivo federal em Londres, mas nenhum visitou o Sesc Ilhotas, assim como não tiveram tempo para ir à inauguração do centro de treinamento que a BM&F Bovespa construiu em São Caetano do Sul. Não fizeram falta. Os atletas foram.

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