sexta-feira, 13 de julho de 2012

Greve de professores na BA deve prejudicar PT em Salvador, dizem especialistas


 

A menos de três meses para as eleições municipais, a greve dos professores da rede estadual na Bahia desponta como o principal fator de desgaste do PT na disputa em Salvador, afirmam especialistas.
"O PT está subestimando o impacto eleitoral da greve", diz o doutor em filosofia e pesquisador em comunicação e política da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Wilson Gomes.
A paralisação já dura mais de 90 dias e os professores decidiram continuar parados pelo menos até sexta-feira (13).
Para Gomes, o conjunto de medidas punitivas adotadas pelo governo Jaques Wagner (PT), como a suspensão de salários e benefícios dos docentes, teve impacto negativo na opinião pública.
O PT disputará a Prefeitura de Salvador com o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA), ligado a Wagner e que tentará o posto pela quarta vez.
"O PT sempre teve a imagem de solidariedade com professores. Agora, é como se perdesse seus agentes, em especial nas cidades pequenas, onde a figura do professor é muito respeitada", afirmou Gomes.
Para o cientista político Jorge Almeida, o fato de o governo ter enfrentado uma greve da Polícia Militar de 12 dias, em janeiro deste ano, agrava o cenário. Outro ponto citado por ele é o fato de o PT na Bahia explorar a aliança com o governo federal e supostamente não ter identidade consolidada perante o eleitorado.
"O governo Wagner não tem sido caracterizado por ações que deixem um marco na gestão", diz.
"Votei no PT minha vida inteira, mas agora percebo que os políticos do partido não sabem negociar. A greve mudou minha opinião. Hoje me vejo sem candidato", disse Neuza Dias, 46, mãe de aluno de uma escola em greve na Pituba, bairro de classe média alta de Salvador.
OPOSIÇÃO
De olho nos votos de quem pretende penalizar o PT nas eleições, os candidatos de oposição montam estratégias.
O deputado federal e candidato à prefeitura ACM Neto (DEM) diz que se colocará como opção de administração eficiente. A greve será explorada em sua campanha como exemplo de problemas de gestão do PT.
"Hoje o PT é inoculado pelo próprio veneno. A vida toda o partido manipulou sindicatos para se promover, mas hoje a população busca algo novo", disse.
Em nota, o candidato do PMDB, Mário Kertész, disse que não fará uso político da greve. No entanto, disse ser "natural que [a greve] recaia sobre o candidato apoiado pelo governador, levado pelos próprios professores e sociedade".
PT REBATE
O presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, se disse tranquilo diante do cenário político. Afirmou que "não precisa de estratégias" para evitar eventuais impactos, no pleito na capital, das paralisações do funcionalismo no Estado.
"Os movimentos sociais estão em torno da nossa chapa política e temos todos os militantes conosco", afirmou.
O petista apontou dificuldades na negociação com os docentes. "Não se trata de um problema de intransigência do governo, é uma questão de diálogo prejudicado a partir de equívocos cometidos por ambas as partes na condução das negociações."
Os professores buscam reajuste salarial de 22,22%. O governo oferece 7% de acréscimo em novembro, além de mais 7% que seriam pagos em abril de 2013. Outros 6,5% foram concedidos ao funcionalismo público no início do ano. (Fonte: Folha)

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