segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cachaça brasileira vive grande momento nos EUA


A curta história da cachaça nos Estados Unidos é mais ou menos assim: chega o novo milênio, os norte-americanos descobrem a caipirinha e gostam (fácil). Os norte-americanos também aprendem a pronunciar caipirinha (um pouco mais difícil). Os norte-americanos aprendem a pronunciar cachaça, o destilado brasileiro necessário para fazer a capirinha (ainda mais difícil).

E é mais ou menos aí que as coisas estão. Apesar de um crescimento constante nas vendas ao longo dos últimos cinco anos e do número cada vez maior de marcas disponíveis, a cachaça tem um perfil estreito de uso. Poucas bebidas são tão ligadas a um único coquetel na mente do consumidor (e neste caso, um coquetel que pode ter já ultrapassado o seu momento de maior sucesso).
Mas a cachaça pode estar pronta para seu segundo ato.
Depois de uma longa campanha por parte de alguns produtores da bebida e do governo brasileiro, os Estados Unidos decidiram em abril iniciar o processo que reconhecerá o destilado de cana-de-açúcar sul-americano com séculos de existência como uma bebida distinta. Os fabricantes não serão mais obrigados a rotular suas garrafas com os dizeres “rum brasileiro”. (Em troca, o Brasil fará um reconhecimento semelhante do bourbon norte-americano e do uísque do Tennessee.)

E em maio, a Diageo, o gigante conglomerado das bebidas alcoólicas, abraçará a Ypioca, a terceira maior marca brasileira de cachaça, comprando a companhia por cerca de US$ 470 milhões. Esses votos de confiança no elixir nacional brasileiro acontecem enquanto o país se prepara para seu duplo espetáculo: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

“Acho que será um grande momento para a cachaça”, disse Martin Cate, dono do bar Smuggler's Cove em San Francisco, sobre os dois eventos internacionais.

Mas para se valer totalmente do momento, a bebida terá que primeiro sacudir sua imagem de mágico de um truque só.

“É parecido com o que o rum agrícola passou aqui”, disse Cate, mencionando o primo fraco-caribenho da cachaça, que também é destilado do caldo da cana-de-açúcar.

“Eles têm seu drinque característico, o 'ti punch'”, disse ele, referindo-se ao drinque feito de rum agrícola, limão e melado. “É um ótimo ponto de partida.”

Mas isso isola a bebida, diz ele.

“Acho que os produtores de cachaça estão dizendo agora: 'podemos chegar com a caipirinha, mas precisamos seguir adiante a partir daí'”, diz Cate.

E estão indo para bares como os de Cate. A explosão dos tiki-bar nos últimos cinco anos rendeu uma nova oportunidade à cachaça. Os fabricantes da bebida odeiam ser misturados com o mundo do rum.

“Eles sempre brincam que o rum deveria ser chamado de cachaça do Caribe, e não o contrário”, diz Steve Luttmann, fundador da marca Leblon.

Mas não há dúvidas de que a cachaça desce mais fácil... 

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