domingo, 10 de junho de 2012

Cruzeiro do Sul 2: Recomeça destruição de fornos de carvoeiros da região


Mesmo sabendo que existem grandes grupos empresariais que compram o carvão produzido no extremo sul da Bahia, os resultados das últimas ações policiais para combater essa prática na região, nunca chegaram nos barões e sim, em pequenos produtores ou desempregados, vítimas da manocultura do eucalipto.
Assim como já tinha ocorrido no início deste ano, uma nova operação policial acaba de ser desencadeada, visando destruir 1.700 fornos clandestinos de carvão e prender uma suposta quadrilha que estaria agindo no extremo sul. A ação da polícia foi batizada de “Operação Cruzeiro do Sul 2”.
A ação está sendo realizada nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri, Alcobaça, Prado, Caravelas e Nova Viçosa. Os fornos produzem carvão sem licença ambiental, e com madeira supostamente retirada da Mata Atlântica.
A operação também está apurando outros crimes ambientais ligados à produção, transporte e venda de carvão. E ainda crimes como furto, roubo, receptação, formação de quadrilha e sonegação fiscal. De acordo com o Ministério Público, o carvão produzido é vendido por empresas “laranja” e abastece siderúrgicas da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais.
Líderes comunitários asseguram que sem o carvão, centenas de pessoas passam fome na região
O problema é que essas empresas que supostamente alimentariam o “esquema” nunca foram identificadas e divulgadas à imprensa. Já por parte dos pequenos carvoeiros sobra denúncias de supostos exageros por parte da polícia e os danos causados nos sítios e residências. As produtoras de celulose e papel também são acusadas de alimentar ações supostamente ilegais de algumas forças de segurança pública e empresas privadas de segurança, no sentido de amedrontar os carvoeiros e seus familiares. As papeleiras ainda são apontadas de provocar a falta de oportunidades no campo, para forçar os pequenos produtores a vender suas propriedades rurais.
Nos últimos meses a imprensa regional acompanhou casos de famílias que sobreviviam da produção de carvão, segundo elas da sobra de galhos do eucalipto. Sem renda e capacitação profissional, dezenas de pequenos produtores denunciaram falta de recursos até para comprar alimentação.
Líderes comunitários ouvidos pelo Teixeira News asseguram que o problema social é tão agravante na região, que mesmo diante das medidas de repressão, os pequenos produtores rurais sempre irão reconstruir esses fornos, pois os mesmos são a única fonte de região para centenas de famílias que vivem no campo.

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